03/06/2023 17:00

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Independentemente do que alguns ambientalistas dizem, o declínio populacional cria problemas para os países

Nos cerca de 250 anos posteriores à Revolução Industrial, a população mundial, assim como sua riqueza, explodiu.

Antes do final deste século, no entanto, o número de pessoas no planeta pode diminuir pela primeira vez desde a peste bubônica.

A principal causa disso não é um aumento no número de mortes, mas uma queda nos nascimentos.

Em boa parte do mundo, a taxa de fecundidade, a média do número de filhos tidos por uma mulher, está caindo.

Embora a tendência talvez não seja uma novidade, sua extensão e suas consequências são.

Mesmo que a inteligência artificial (IA) leve a um otimismo crescente em alguns setores, um período de queda expressiva da taxa de natalidade paira sobre o futuro da economia mundial.

Em 2000, a taxa de fecundidade mundial era de 2,7 filhos por mulher, confortavelmente acima da “taxa de reposição” populacional de 2,1, na qual uma população fica estável.

Atualmente, a taxa de fecundidade é de 2,3 e está caindo.

Todos os 15 países com as maiores economias do mundo têm uma taxa de fecundidade inferior à taxa de reposição.

Isso inclui os Estados Unidos e grande parte do mundo rico, mas, também, a China e a Índia, que não são países desenvolvidos, porém, juntas, representam mais de um terço da população mundial.

O resultado é que, em boa parte do mundo, o som de bebês chorando está sendo abafado pelo ruído de bengalas.

Os principais exemplos de países com envelhecimento populacional já não se limitam a Japão e Itália, mas incluem também o Brasil, o México e a Tailândia.

Até 2030, mais da metade dos habitantes do leste e sudeste asiático estarão acima dos 40 anos.

Conforme os mais velhos morrem e não são totalmente substituídos, é provável que as populações diminuam.

Tirando a África, a previsão é que a população mundial atinja um pico em 2050 e seja menor que a atual no final do século.

Até mesmo na África a taxa de fecundidade está caindo depressa.

Independentemente do que alguns ambientalistas dizem, um declínio populacional cria problemas. O mundo não está nem perto de ter gente demais e as dificuldades econômicas decorrentes de uma quantidade menor de pessoas jovens são inúmeras.

A óbvia é que está ficando mais difícil sustentar os pensionistas do mundo.

Os aposentados usam a contribuição dos trabalhadores em idade ativa, seja por meio do Estado, que cobra impostos dos trabalhadores para pagar pensões públicas, ou se beneficiando de poupanças para adquirir bens e serviços, ou porque os familiares exercem o trabalho de cuidado não remunerado.

Mas enquanto o mundo rico tem atualmente cerca de três pessoas entre 20 e 64 anos para as acima de 65 anos, até 2050 terá menos de duas.

As consequências são impostos mais altos, aposentadorias tardias, lucros reais menores para as poupanças e, possivelmente, crises orçamentárias de governos.

Uma proporção menor de trabalhadores por pensionistas é apenas um dos problemas decorrentes da queda na taxa de fecundidade.

As pessoas mais jovens têm mais daquilo chamado pelos psicólogos de “inteligência fluida”, a capacidade de pensar de forma criativa para resolver problemas de modos totalmente novos.

Esse dinamismo juvenil complementa o saber acumulado dos trabalhadores mais velhos.

E também traz mudanças. As patentes registradas por inventores mais jovens têm muito mais chances de incluir inovações revolucionárias.

Os países mais velhos - e, ao que parece, seus habitantes jovens - são menos empreendedores e se sentem menos à vontade em assumir riscos.

Eleitores idosos também são mais inflexíveis com a política.

Como os mais velhos se beneficiam menos que os jovens quando as economias crescem, eles têm demonstrado menor interesse em políticas pró-crescimento, sobretudo no que diz respeito à construção de imóveis.

É provável que a destruição criativa seja mais rara em sociedades envelhecidas, impedindo o crescimento da produtividade de maneiras que levam a enormes oportunidades perdidas.

Ao analisar tudo isso, é tentador considerar as baixas taxas de fecundidade como um problema a ser resolvido.

Entretanto, muitas de suas causas subjacentes são, por si só, bem-vindas. Conforme as pessoas se tornam mais ricas, elas tendem a ter menos filhos. Hoje elas encaram dilemas diferentes entre o trabalho e a família, e estes são, em grande parte, melhores.

Os conservadores populistas que afirmam que as baixas taxas de fecundidade são um sinal do fracasso da sociedade e pedem pelo retorno dos valores familiares tradicionais estão errados. Ter mais escolhas é algo bom e ninguém tem o dever de trazer filhos ao mundo./Tradução de Romina Cácia

 

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