Entraram em vigor nesse sábado (10) as novas medidas anticovid do governo argentino que afetam viajantes no exterior.
A Argentina é a única nação no mundo a limitar o retorno ao país dos próprios cidadãos, levando companhias aéreas a cancelarem voos e a reavaliarem operações no país.
Aviões estacionados no aeroporto internacional de Buenos Aires, em junho de 2020 (AFP)
----------
Desde o dia 28 de junho, apenas 600 argentinos e residentes podem voltar no país diariamente pela única porta de entrada, o aeroporto internacional de Buenos Aires.
Esse número será elevado a mil até, pelo menos, 6 de agosto, mas de forma gradativa.
Segundo o texto da Decisão Administrativa publicada na sexta (9), foram estabelecidas cotas semanais para voos de passageiros.
Os números representam a possiblidade de retorno de 742 pessoas por dia na primeira semana da medida revisada, de 900 na segunda semana e de 1.000 a partir da terceira semana.
Atualmente, cerca de 25 mil argentinos estão bloqueados no exterior, número que deve aumentar progressivamente a cada dia, devido ao gargalo imposto pelo governo, sob o argumento de conter a chegada ao país da variante Delta.
"O setor aéreo está avaliando se é viável operar num país que não age de forma transparente e previsível ao mudar as regras do jogo a cada duas semanas", adverte Peter Cerdá, vice-presidente regional para as Américas da Associação de Transporte Aéreo Internacional (Iata, na sigla em inglês).
Desde o começo da pandemia, quatro companhias aéreas deixaram a Argentina definitivamente, enquanto outras seis suspenderam todos os voos.
Entre as que suspenderam estão duas brasileiras: a Azul e a Gol.
A quantidade de pessoas com permissão para entrar no país é equivalente a uma média de três a quatro aviões diários.
O governo alega só ter condições de monitorar essa quantidade diária e que o único porto de entrada com estrutura para controle é o principal aeroporto do país.
Os voos com origem no Brasil, no Reino Unido, no Chile, na Índia e em todos os países africanos vão continuar suspensos.
Nenhum turista estrangeiro pode entrar no país desde dezembro.
Aqueles que regressarem do exterior estarão obrigados a se isolarem em lugares que os governos provinciais determinarem durante 10 dias.
A estadia nos lugares de isolamento serão pagas pelo passageiro, diz o texto que estabelece a medida.
Com exceção da cidade de Buenos Aires, que financia o custo dos passageiros, todos os argentinos e residentes que conseguem retornar ao país devem cumprir quarentena em hotéis sanitários: estadias a serem pagas pelos próprios passageiros.
Para os que testam negativo, o isolamento é no próprio domicílio.
Pelas atuais regras, quem voltar ao país - apenas argentinos e residentes - deve fazer três exames:
um teste PCR no país de origem até 72 horas antes do embarque aéreo, um teste antígeno ao aterrissar em Buenos Aires e um novo PCR sete dias depois.
Com informações da RFI