24/04/2023 16:57

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Cantor e escritor recebeu a honraria nesta segunda-feira (24), quatro anos depois de ter ganhado o prêmio.

Ele participou de cerimônia ao lado de Lula e do presidente de Portugal.

O cantor, compositor e escritor Chico Buarque, de 78 anos, recebeu o prêmio Camões, o mais importante da literatura de língua portuguesa, em uma cerimônia em Sintra, em Portugal, nesta segunda-feira (24).


Chico recebeu o prêmio quatro anos depois de tê-lo ganhado, em 2019. A demora se deveu à recusa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em assinar a documentação necessária para que o artista recebesse o diploma.

"Conforta-me lembrar que o ex-presidente teve a rara fineza de não sujar o diploma do meu prêmio Camões, deixando espaço para a assinatura do nosso presidente Lula", afirmou o cantor.

"Recebo esse prêmio menos como honraria pessoal e mais como desagravo a tantos autores e artistas humilhados e ofendidos nesses últimos anos de estupidez e obscurantismo."

Em seu discurso, o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, comparou o artista brasileiro a Bob Dylan, que ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 2016.

Segundo ele, Dylan é celebrado, mas sua obra é principalmente musical.

Já Chico Buarque, além da música, também fez obras elogiadas na literatura e no teatro.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também discursou.

"Hoje, para mim, é uma satisfação corrigir um dos maiores absurdos cometidos contra a cultura brasileira nos últimos tempos.

Digo isso porque esse prêmio deveria ter sido entregue em 2019 e não foi. Todos nós sabemos por quê", declarou Lula.

Chico lançou seu primeiro livro de ficção, "Fazenda Modelo", em 1974.

Três anos mais tarde, publicou o livro infantil "Chapeuzinho Amarelo". O primeiro romance, "Estorvo", foi lançado em 1991.

Ele também escreveu "Benjamin", em 1995. Nos anos 2000, o artista lançou "Budapeste" (2003) e "Leite derramado" (2009).

Seu último romance foi "Irmão Alemão", de 2014.

Para o teatro, Chico escreveu as peças "Roda Viva" (1968); "Calabar" (1972); "Gota D’Água" (1974), e "Ópera do Malandro" (1978).


Prêmio Camões

O prêmio Camões é uma parceria entre os governos de Portugal e do Brasil, criado em 1988.

A premiação é considerada a mais importante da língua portuguesa.

Entre os brasileiros que já foram laureados, estão Raduan Nassar (2016), Ferreira Gullar (2010), Lygia Fagundes Telles (2005) e Jorge Amado (1994).

O escritor homenageado recebe 100 mil euros (R$ 555 mil), sendo metade desse valor subsidiado pela Fundação Biblioteca Nacional, entidade vinculada ao Ministério da Cultura, e a outra metade é paga pelo governo português.

Além de Chico Buarque, ainda devem receber o prêmio o escritor português Vitor Manuel de Aguiar e Silva (escolhido em 2020), a moçambicana Paulina Chiziane (2021) e o brasileiro Silviano Santiago (2022).

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