14/07/2021 15:31

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Em um país em que as manifestações contra o governo são proibidas, o protesto de milhares de cubanos pelas ruas de todo o país no último domingo (11) escancarou a ferida de anos de crise econômica e política na ilha caribenha.

Em resposta, o governo do Partido Comunista multiplicou as prisões.

Militares cubanos prenderam dezenas de manifestantes que se opuseram ao governo (Yamil Lage/AFP)

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Os manifestantes contam, até agora, 151 nomes entre presos e desaparecidos, entre eles conhecidos opositores do regime cubano e jornalistas.

Publicado no twitter CUBADECIDA

Ao menos um homem de 36 anos morreu enquanto participava de um protesto na periferia de Havana na segunda-feira (12).

O Ministério do Interior confirmou a morte e afirmou que houve conflitos entre manifestantes e policiais nesse dia.

Entre os grupos opositores que se organizaram pela internet, fala-se em até cinco mortos. Os números, no entanto, são incertos.

Durante os protestos e nos últimos três dias, aumenta o número de desaparecidos ligados ao movimento opositor relatados.

Entre eles, figuras conhecidas da dissidência cubana, como José Daniel Ferrer, Manuel Cuesta Morua e o líder das Damas de Branco, Berta Soler, assim como o artista de protesto Luis Manuel Otero Alcantara.

O governo não confirma a identidade dos presos, o que dificulta o esclarecimento da situação dos desaparecidos.

Publicado no twitter de YanelysNu

A situação segue ainda mais nebulosa por conta dos inúmeros cortes de internet em diferentes locais do país desde segunda-feira (12).

Algumas pessoas que transmitiram informações para fora do país foram presas, como a jornalista independente e correspondente do jornal espanhol ABC, Camila Acosta.

Ela é acusada de "desordem pública", ofensas puníveis com três a seis anos de prisão.

Há relatos de pessoas que ficaram mais de 24 horas sem acesso a qualquer tipo de conexão.

Alguns conseguem manter valendo-se de VPNs, para conectar à internet como se estivessem em outro país – mesma estratégia utilizada por opositores na China ou em Mianmar.

Na manhã desta quarta-feira (14), o site jornalístico Proyecto Inventario começou a levantar informações sobre os cortes de internet em toda a ilha

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Desde domingo, o governo cubano tem tentado minimizar o movimento social.

O governo justifica as dificuldades econômicas do país com o embargo dos Estados Unidos e acusa os manifestantes de seguirem pressão estrangeira.

O ministro de Relações Exteriores Bruno Rodríguez acusou o governo dos EUA de estar por trás dos protestos e manter uma campanha pela internet contra o Partido Comunista de Cuba.

O presidente chegou a publicar que o governo "não vai oferecer a outra face a quem o ataca em espaços virtuais e reais. Evitaremos a violência revolucionária, mas reprimiremos a violência contrarrevolucionária".

Publicano no twitter do presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel Bermúdez

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Nas ruas de Havana, nessa quarta, era possível perceber um aumento no número de policiais em torno do Parlamento. 

Enquanto Diaz-Canel evita encarar o problema que deu origem ao descontentamento popular, os opositores anunciam uma nova manifestação para o próximo domingo (18).

Com informações de Domitille Piron, correspondente da RFI em Havana, e da AFP

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