Aos gritos de "liberdade” e denunciando "miséria", milhares de cubanos foram às ruas de Havana e outras cidades do país neste domingo (11/07), em protesto contra a falta de comida e medicamentos em meio à pandemia.
Num regime que não costuma tolerar vozes dissidentes, os protestos estão sendo considerados a maior demonstração de insatisfação popular nas ruas em três décadas.
As manifestações foram pacíficas, mas elas acabaram interceptadas pelas forças de segurança e apoiadores do governo.
Isso gerou confrontos violentos e prisões, como mostraram as imagens que circularam durante toda a noite nas mídias sociais.
Manifestantes protestam em várias cidades, em raro gesto público de insatisfação num regime que não costuma tolerar vozes dissidentes.
Eles denunciam grave crise de escassez, agravada pela pandemia.
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Num vídeo, é possível ver uma mulher gritar que "o povo está morrendo de fome", na província de Artemisa, no oeste da ilha.
"Nossos filhos estão morrendo de fome", repetia ela.
Outro vídeo, postado no Twitter, mostrou manifestantes virando um carro da polícia em Cardenas, a cerca de cem quilômetros de Havana.
Imagens nas redes sociais mostraram também manifestantes saqueando uma das mais antigas lojas administradas pelo governo, que vende artigos a preços altos em moedas estrangeiras.
Maior manifestação desde os anos 1990, o evento já é considerado histórico
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Em Havana, os distúrbios entre manifestantes e militantes do governo ocorreram no Parque da Fraternidade.
Mais de mil pessoas se reuniram diante da forte presença de militares e policiais, que fizeram uma série de prisões.
Um grupo de centenas de manifestantes conseguiu escapar do cordão policial e avançar em massa ao longo da avenida Paseo del Prado em direção ao Malecón, aos gritos de "liberdade", "pátria e vida" e "ditadores", em referência aos líderes do país.
Houve também grupos organizados de apoiadores do governo, que gritaram "Eu sou Fidel" ou "Canel, meu amigo, o povo está contigo", em alusão ao presidente Miguel Díaz-Canel.
É a primeira vez que um grande grupo de cubanos sai às ruas de Havana para protestar contra o governo desde o famoso "Maleconazo" de 1994.
Foi em meio à crise econômica do chamado "Período Especial", os anos seguintes ao fim da União Soviética.
A prova da gravidade da situação é que as autoridades cortaram o serviço de internet móvel em todo o país.
Segundo os manifestantes para impedir a divulgação de vídeos dos protestos e reduzir a capacidade de reunião dos participantes.
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, condenou ainda no domingo o "regime ditatorial" de Cuba por "chamar os civis a reprimir" os protestos antigovernamentais no país e por promover o confronto.
"Reconhecemos a reivindicação legítima da sociedade cubana por medicamentos, alimentos e liberdades fundamentais.
Condenamos o regime ditatorial cubano por chamar os civis à repressão e ao confronto contra aqueles que exercem os seus direitos de protesto", disse Almagro no Twitter.
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A manifestação em Havana surge após uma onda de protestos espontâneos em diferentes partes do país.
O primeiro deles foi em San Antonio de los Baños, onde pessoas tomaram as ruas para exigir liberdade e criticar o governo pela escassez de comida, medicamentos e os contínuos apagões sofridos pelo município, que fica 30 quilômetros a leste da capital.
A manifestação em San Antonio, duramente reprimida pela polícia segundo testemunhas disseram à agência de notícias EFE, foi transmitida ao vivo no Facebook.
Isso ocorrueu até a internet ser cortada, o que possivelmente motivou atos semelhantes em outras localidades, incluindo a capital, Havana.
O presidente Miguel Díaz-Canel Bermudez também foi às ruas nesse domingo (11)
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Díaz-Canel exortou no domingo seus apoiadores a saírem às ruas prontos para o "combate", em resposta às manifestações que aconteceram contra o governo em vários pontos do país.
"A ordem de combate está dada, os revolucionários às ruas", afirmou o governante, citado pela agência de notíciase.
Com informações da AFP/DW