O ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva concedeu uma longa entrevista ao jornal francês Le Monde.
O líder petista confirmou novamente a possibilidade de sua candidatura em 2022 e criticou de forma severa a gestão da pandemia de Covid-19 pelo governo de Jair Bolsonaro.
A entrevista foi realizada por meio de videoconferência pelos jornalistas Bruno Meyerfeld, atual correspondente do Le Monde no Brasil, e Nicolas Bourcier, que também já foi correspondente no país.
Questionado sobre a sua possível candidatura para a próxima eleição, respondeu:
“É difícil hoje responder dizendo sim ou não. Eu tenho 75 anos e em 2022, no momento das eleições, terei 77.
Se eu continuar em boa forma e que houver um consenso entre os partidos progressistas desse país para que eu seja candidato, não vejo nenhum problema nisso!
Mas eu já fui candidato, já foi presidente e já efetuei dois mandatos. Eu também posso apoiar alguém que esteja bem colocado para vencer. O mais importante é não deixar Jair Bolsonaro continuar governando esse país."
Lula durante discurso logo após a anulação de suas condenações (Andre Penner/AP)
Se Lula preferiu não dar certezas sobre sua candidatura, ele foi menos comedido ao falar do atual chefe de Estado e sua gestão do país.
“Eu comecei na política nos anos 1970 e nunca vi meu povo sofrer como hoje.
As pessoas morrem nas portas dos hospitais e a fome está de volta. E, diante disso, temos um presidente que prefere comprar armas de fogo no lugar de livros e vacinas.
O Brasil está sendo dirigido por um presidente genocida. E isso é muito triste”.
Citando Chico Buarque, que alertou para a “cultura do ódio” que toma conta do Brasil, os jornalistas perguntara como o ex-presidente vive o fato de ser alvo de tanta animosidade.
Lula respondeu que “o ódio não é brasileiro” e que “se existe um povo amoroso e humanista no planeta, esse povo é o brasileiro”.
No entanto, aponta o ex-presidente, a população vem sendo bombardeada pelo discurso de ódio.
“Antes, se a gente encontrava um adversário político em um restaurante, dávamos a mão para cumprimentá-lo. Hoje, corremos o risco de levar um tiro! Precisamos acabar com isso. A democracia é o contrário: é a civilidade, a maturidade. Esse país precisa de paz, e não de armas.”
Com informações da RFI