07/01/2021 10:12

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O governo francês é alvo de críticas, há vários dias, sobre a lentidão para a vacinação contra a Covid-19. 

Ao contrário de muitos países, a França conta com doses suficientes para a primeira fase da imunização. 

No entanto, a autorização para a aplicação do produto nas casas de repouso para idosos tem tomado muito mais tempo do que se imaginava.

É o que aponta Anne Sénéquier, co-diretora do Observatório da Saúde Mundial e pesquisadora do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas da França (Iris).

As críticas vêm da parte da oposição, do movimento antivacina e ocupam editoriais dos principais jornais franceses. 

Em 27 de dezembro, a aposentada Mauricette, de 78 anos, inaugurou a campanha de vacinação contra a Covid-19 na França (Pool/Reuters)

Em pouco mais de dez dias de campanha, a França conseguiu vacinar cerca de 7 mil pessoas, ocupando a posição de lanterninha na União Europeia.

E ficou muito aquém dos Estados Unidos, que já imunizou cerca de 3 milhões de pessoas, ou de Israel, onde 7,5% da população recebeu a primeira dose do produto.

Segundo a especialista, a burocracia relacionada ao procedimento para o consentimento à aplicação do produto tem atrasado o processo.

Ao contrário de vários países, a França escolheu levar as vacinas até as casas de repouso para idosos, onde ocorre a primeira fase da imunização.


Antes de receber a injeção, cada pessoa deve realizar uma consulta médica para verificar se há contraindicação para a vacina. 

O médico também é responsável por transmitir ao paciente todas as informações sobre o imunizante para que ele tome a decisão ou não de ser vacinado. 

Caso ele não seja capaz de se expressar – situação comum entre os residentes de casas de repouso – um representante legal deve tomar a decisão no lugar do idoso.

De acordo com a co-diretora do Observatório da Saúde Mundial, a demora para obter o consentimento também pode estar relacionada ao forte ceticismo dos franceses em relação à vacina contra a Covid-19. 

A França tem uma das populações mais resistentes ao imunizante na Europa. 

Uma pesquisa recente do Instituto Odoxa para o jornal Le Figaro e a Franceinfo apontou 58% das pessoas ouvidas não pretende se vacinar, um número que cresceu durante a fase atual da crise sanitária.


Em coluna publicada no jornal Le Figaro no último dia 1° de janeiro, o economista Antoine Levy, que prepara uma tese no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) afirma que a lentidão da vacinação francesa é “símbolo da desclassificação” e do “impressionante empobrecimento organizacional e tecnológico” do país.

Outra falha apontada por Antoine Levy é o atraso francês, em relação a outros países, para desenvolver seu próprio imunizante. 

“A França é o único membro do Conselho de Segurança da ONU (China, Estados Unidos, Reino Unido – sem contar a Alemanha) a não ter desenvolvido sua própria vacina”, sinal de uma “incompetência administrativa, técnica, industrial, científica”.

O laboratório francês Sanofi anunciou em dezembro que seu produto estará pronto para utilização somente no final de 2021, uma questão que também suscitou críticas por parte da opinião pública. 

Com informações da RFI

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