O presidente argentino, Alberto Fernández, enfrenta vácuo de poder provocado por renúncias em massa ordenadas pela sua vice, Cristina Kirchner, que exige uma reforma ministerial.
A crise institucional na cúpula do poder da Argentina tem um final incerto, que ameaça a governabilidade do país.
O governo do presidente Alberto Fernández prepara uma bateria de medidas para injetar dinheiro na economia através de aumento no salário mínimo, nas aposentadorias e nos planos de assistência social (AFP)
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Após 11 demissões de ministros, presidentes de empresas estatais e diretores de organismos públicos, o presidente Alberto Fernández recebeu o apoio dos ministros que não renunciaram, de governadores provinciais e de sindicalistas.
Diversas organizações sociais também devem se manifestar nesta quinta-feira (16) para demonstrar apoio ao presidente, mas a fratura no comando do país já está exposta.
Cristina Kirchner (AFP)
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A tensão é provocada pela vice-presidente, Cristina Kirchner, que exige mudanças de ministros, a começar pelo chefe do gabinete, Santiago Cafiero.
A vice-presidente considera que só alterações significativas podem permitir ao governo dar um sinal de mudança que reverta a dura derrota eleitoral nas eleições primárias de domingo (12).
Para o Presidente, as mudanças só deveriam vir depois das eleições legislativas de 14 de novembro.
Para pressionar, a vice-presidente deu ordens de renúncias em massa.
Um a um, seis ministros (Interior, Justiça, Meio-ambiente, Ciência e Tecnologia, Cultura e Desenvolvimento Territorial) e cinco secretários de Estado, presidentes de empresas e diretores de instituições públicas pediram demissão dos seus cargos, abrindo uma crise institucional cujo desenlace incerto ameaça a governabilidade do país.
Cristina Kirchner e Alberto Fernández. Foto: Daniel Garcia/AFP
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No domingo (12), o governo sofreu uma dura derrota nas eleições primárias legislativas que tende a ser irreversível.
Na prática, a magnitude da derrota enterra o objetivo governista de controlar o Congresso e se traduz em uma reprovação da gestão do presidente Alberto Fernández, na metade do seu mandato.
As eleições primárias na Argentina são uma das poucas no mundo abertas e obrigatórias a toda a população.
O voto vai àquele a quem o eleitor gostaria de ver como candidato, mas, ao fazê-lo, o eleitor revela em quem votará nas eleições gerais em 14 de novembro.