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Edição: Hugo Julião
15:36
23/04/2021

Irã é nomeado membro de comissão da ONU que cuida dos direitos das mulheres

Três associações de mulheres iranianas na França, Itália e Suécia denunciam como um "insulto" feito "a todas as mulheres iranianas" a eleição do Irã como membro da Comissão por um mandato de quatro anos, realizada nesta semana.

"Nós, as associações femininas abaixo assinadas, consideramos a eleição do regime extremamente misógino do Irã como membro da Comissão das Nações Unidas sobre a Condição da Mulher (CSW) um insulto a todas as mulheres iranianas, as principais vítimas desse regime nas últimas quatro décadas."

Assinaram a declaração a Associação de Mulheres Iranianas na França (AFIF), a Associazione delle Donne Democratiche Iraniane (ADDI), na Itália, e a associação Iranska kvinnosamfundet i sverige, na Suécia.

Mulheres iranianas usando máscaras em um mercado na capital iraniana, Teerã, em 5 de abril (Atta Kenare/AFP)

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Na terça-feira (20), o Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (ECOSOC) elegeu, entre outros países, o Irã para o CSW por um mandato de quatro anos, que começará na primeira reunião da sexagésima sétima sessão em 2022.

A CSW é o principal órgão intergovernamental do mundo dedicado exclusivamente a promover a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres.

Apelamos a todos os governos, instituições e associações para condenarem esta decisão que vai contra a promoção da igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres no Irã”, apelam as três associações.

Eis o que relatou a jornalista Lev Chaim há dois anos no site Don Total, da Fundação Movimento Direito e Cidadania:

"Há bem pouco tempo, três mulheres iranianas foram presas e condenadas no Irã por não estarem usando o véu muçulmano nas ruas. Elas foram condenadas a mais de 10 anos de prisão por desafiarem o código islâmico da lei da vestimenta obrigatória para as mulheres.

Elas foram detidas depois de terem publicado na internet um vídeo em homenagem ao Dia Internacional das Mulheres, que as mostra no metrô, sem o famigerado lenço da cabeça, ou seja, com os cabelos ao vento, distribuindo alegremente flores às passageiras do metrô."

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No Irã, a lei confere às mulheres um estatuto jurídico inferior ao dos homens e exige o uso do véu em espaços públicos.

No entanto, a República Islâmica também trabalhou enormemente pela educação das mulheres, um fator de emancipação.

Masih Alinejad, ativista feminista iraniana residente nos Estados Unidos, considerou inaceitável a decisão de eleger um "regime que não permite que as mulheres tomem decisões sobre seus próprios corpos". 

Aos olhos do regime iraniano, qualquer mulher que luta por seus direitos fundamentais é uma criminosa”, criticou.

Com informações de agências internacionais

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