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Edição: Hugo Julião
09:23
04/04/2021

Jerusalém: com 54% vacinados, Israel celebra Páscoa com centenas de fiéis

Num canto da Igreja do Santo Sepulcro, as lágrimas da filipina Angèle Pernecita revelam o fervor que toma Jerusalém na Páscoa.

O templo, considerado um dos lugares mais sagrados do cristianismo, fechou as portas pela primeira vez em cem anos no feriado cristão em 2020.

Um ano depois, Israel é líder no ranking global de imunização —54% de sua população já tomou as duas doses da vacina, segundo o jornal The New York Times.

O sucesso da campanha permitiu que centenas de fiéis, assim como Pernecita, que já foi imunizada, pudessem caminhar pelos paralelepípedos da Cidade Velha na Sexta-Feira Santa (2), recordando a crucificação de Cristo.

No interior da igreja, as orações ecoaram como não ocorria havia meses, e alguns fiéis não hesitaram em tocar e até mesmo abraçar, com ou sem máscara, a Pedra da Unção, placa de calcário avermelhado que, segundo a tradição, é o local sobre o qual Jesus foi embalsamado antes de ser sepultado.

(Fotos: AFP)

Em 2020, a dona de casa de 46 anos, que mora em Israel há mais de dez anos, acompanhou as missas pela internet.

Naquela altura, o governo israelense havia acabado de ordenar o fechamento dos locais sagrados, além de escolas e empresas, para limitar a propagação do coronavírus.

Assim, a Igreja do Santo Sepulcro ficou fechada durante a Páscoa pela primeira vez em pelo menos um século.


"Hoje é como viver de novo", afirmou Lina Sleibi, uma palestina que vive em Jerusalém e que no ano passado celebrou o feriado religioso sem ir à igreja e sem se encontrar com a família.

"Foi difícil, era como se a cidade estivesse morta", disse a mulher de 28 anos que canta durante as missas em Belém.

No ano passado, apenas quatro religiosos subiram pela Via Dolorosa, caminho onde Jesus, segundo os Evangelhos, encontrou sua mãe, caiu, recebeu ajuda para carregar a cruz e viu mulheres chorando.

Agora, a procissão de algumas centenas de fiéis, conduzida por dezenas de religiosos cantando em várias línguas, deu vida a esta longa artéria que atravessa a Cidade Velha e suas ruelas milenares.

"É como se nós mesmos estivéssemos em um túmulo no ano passado e agora estivéssemos saindo dele", afirmou Angleena Keizer, uma pastora britânica.

(Reuters)

Embora as restrições contra o coronavírus estejam sendo gradualmente retiradas devido à rápida campanha de imunização, os turistas ainda não têm permissão para retornar à Terra Santa.

Normalmente, milhares de peregrinos de todo o mundo se reúnem neste período do ano na Cidade Velha.

Bader Rabadi, um cristão palestino de Jerusalém, também está feliz por poder passar o feriado sem confinamento, mas espera o momento em que o país possa receber seus correligionários do exterior.

"Jerusalém não é nossa, é de todos", disse.

Com informações da AFP

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