Jovem de Porto Feliz (SP) morreu de infecção generalizada após complicações da retirada dos dentes do siso.
Especialistas afirmam que é necessário considerar histórico de doenças, solicitar exames e orientar pacientes sobre cuidados no pós-operatório.
Isadora Albanese morreu quatro dias após extrair os sisos do lado esquerdo / Foto: Acervo Pessoal
A morte da jovem Isadora Belon Albanese por complicações provocadas pela retirada dos dentes do siso, em Porto Feliz (SP), repercutiu nas redes sociais e iniciou um debate sobre os riscos do procedimento.
Segundo o Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), a cirurgia é segura e as mortes em decorrência dela são raras.
De acordo com Sidney Neves, especialista em cirurgia e traumatologia bucomaxilofacial, a extração do dente do siso em si não é uma causa comum de morte.
"Na verdade, ela não morreu tirando o dente do siso. Normalmente, está relacionado a um processo infeccioso, e vale lembrar que eles são muito raros. A cirurgia do siso é um procedimento extremamente seguro", destacou o especialista.
Isadora, de 18 anos, morava com os pais Grasiela Belon Albanese e Ricardo Albanese em Porto Feliz.
A jovem fez duas cirurgias para extração dos sisos em um período de pouco mais de um mês de diferença.
Segundo a mãe, o primeiro procedimento, em 10 de março de 2023, foi feito para extrair dois dentes do siso do lado direito da boca.
Na época, a jovem foi informada de que precisaria retirar o siso do lado esquerdo também. A segunda cirurgia ocorreu em 19 de abril.
Dois dias após a segunda cirurgia, Isadora começou a relatar dores fortes, que estavam impedindo a jovem de comer, dormir e até de respirar.
Em 22 de abril, os pais levaram a menina até um hospital de Sorocaba (SP), por volta das 21h.
Isadora foi internada, mas passou por uma cirurgia com um bucomaxilofacial somente na manhã seguinte, dia 23 de abril.
Durante o procedimento, a jovem teve uma parada cardíaca e não resistiu. Foi aí que a luta dos pais dela começou.
"Cada pessoa, até mesmo quem era da área da saúde, dizia algo sobre os procedimentos.
Pesquisamos e descobrimos que não existe um protocolo oficial, registrado em normativo, que oriente sobre o procedimento.
Além disso, não é obrigatório que o profissional faça anamnese do paciente antes da cirurgia", afirma Grasiela.
O CROSP informou que recebeu o pedido, mas disse que não é possível impor uma norma única para a extração do dente do siso.
O órgão fiscaliza os profissionais sempre que recebe uma denúncia.
"Um protocolo eficiente dá ao profissional liberdade de escolha entre a manobra técnica que ele achar a mais pertinente, bem como para aplicar o melhor medicamento para aquele evento cirúrgico planejado", explicou Sidney.
O que dizem os envolvidos?
Em nota, o Hospital Modelo, que atendeu Isadora após as complicações, disse que a jovem passou por uma série de exames, que constatou um quadro já grave de infecção, após dar entrada no hospital.
Mesmo com medicamentos, o estado dela se agravou para infecção generalizada.
Ainda de acordo com a unidade, ela foi submetida a uma cirurgia com um médico especializado em operações bucomaxilares, mas não resistiu às complicações já existentes.
Sobre o atraso do cirurgião especializado, conforme alega a família, o hospital não respondeu.
A dentista que atendeu Isadora em Porto Feliz informou que todas as medidas preparatórias foram tomadas, assim como as medicações pré e pós-operatórias e o acompanhamento pós-cirúrgico e orientações à família.
Ela lamentou o ocorrido.
Com informções do G1