Em um ambiente de acentuada tensão social há três semanas, a Colômbia teve nesta quarta-feira (19) protestos diretamente ligados ao futebol.
Manifestantes se reuniram nos arredores do estádio El Campín, em Bogotá, e cobraram que o país abra mão de receber a Copa América a partir do próximo mês.
A competição entre seleções da América do Sul tem início marcado para 13 de junho e sede dividida entre Argentina e Colômbia.
A Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) insiste que não haverá mudanças na programação, mas já trabalha internamente com a possibilidade de concentrar os jogos na Argentina.
Ativistas se penduram em estrutura de acesso ao estádio El Campín, em Bogotá, denunciando a "Copa de Sangue" (Nathalia Angarita/Reuters)
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Os protestos no território colombiano tiveram início contra uma reforma tributária e se transformaram em críticas diversas ao governo de Iván Duque, cobrado por suas ações na pandemia de Covid-19 e por problemas de emprego e educação.
A repressão policial tem sido pesada, e já foram registrados ao menos 42 mortos e 1.500 feridos.
Nesse cenário, aqueles que se manifestam contra a Copa América não veem clima para futebol.
A crítica não é exatamente a respeito da competição esportiva ou um ataque a seus organizadores.
O que os protestantes não querem é que o torneio sirva de distração dos problemas enfrentados no país, algo resumido na frase: “Se não há paz, não há futebol”.
"Se não há paz, não há futebol" e "Não à Copa América" são algumas das mensagens exibidas pelos manifestantes (Daniel Muñoz/AFP)
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Ela apareceu em cartazes e pichações nesta quarta e já havia sido exibida anteriormente, em partidas da Copa Libertadores realizadas na Colômbia.
Na semana passada, um jogo do Atlético-MG em Barranquilla precisou ser interrompido cinco vezes porque o gás lacrimogêneo usado por policiais contra manifestantes na parte externa do estádio estava atrapalhando os jogadores.
Na véspera, também na cidade de Barranquila, outra partida do campeonato sul-americano de clubes também precisou ser interrompida.
Já em Pereira, um jogo da Libertadores foi atrasado em uma hora porque estava bloqueada a saída dos atletas do Nacional-URU do hotel em que estavam hospedados.
Com informações da Folha de S.Paulo