03/01/2021 19:47

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O papa argentino, que jogava futebol quando era criança, falou sobre o craque, que morreu em 25 de novembro, em uma entrevista  publicada no sábado (2) no jornal italiano..

O sumo pontífice contou que, quando era criança, recorria à criatividade para jogar futebol na rua.

"Conheci Diego Armando Maradona em um jogo pela paz, em 2014. Lembro com prazer tudo o que Diego fez pela Scholas Occurrentes, a Fundação que cuida dos mais necessitados do mundo.

No campo ele foi um poeta, um grande campeão que deu alegria a milhões de pessoas, tanto na Argentina como em Nápoles. Ele também era um homem muito frágil", disse o primeiro papa latino-americano.


O papa afirma que, ao saber da morte de Maradona, aos 60 anos, orou por ele e enviou um rosário à sua família, junto com algumas palavras de consolo.

"Tenho uma memória pessoal ligada à Copa do Mundo de 1986, aquela que a Argentina conquistou graças ao Maradona.

Eu estava em Frankfurt, foi um momento difícil para mim, estava estudando o idioma e recolhendo material para a minha tese."

(Foto: Vicenzo Pinto/AP)

"Não tinha conseguido ver a final da Copa e só no dia seguinte soube da vitória da Argentina sobre a Alemanha, quando uma japonesa escreveu "Viva Argentina" no quadro durante uma aula de alemão.

Pessoalmente, lembro-me como a vitória da solidão porque não tinha com quem compartilhar o alegria daquela vitória esportiva. O que embeleza a alegria é poder compartilhá-la ", lembra.

Na entrevista, Francisco, de 84 anos, fiel torcedor do clube San Lorenzo de Almagro, relembra suas primeiras memórias do futebol em Buenos Aires.

"Lembro-me muito bem e com prazer de que, quando criança, minha família ia ao estádio El Gasometer (o primeiro estádio do San Lorenzo). Lembro-me, em particular, do campeonato de 1946, aquele que meu San Lorenzo ganhou.

Lembro-me daqueles dias que passei assistindo aos jogadores e a alegria das crianças quando voltamos para casa.  A alegria, a alegria no rosto das pessoas, a adrenalina no sangue ", explica. 

"Aí eu tenho outra memória, a da bola de trapos. Couro era caro e éramos pobres. Uma bola de trapos era suficiente para nos divertirmos e quase fazer milagres jogando na pracinha perto de casa.

Eu não era um dos melhores, ao contrário, era o que na Argentina se chama de "perna de pau". Por isso sempre me fizeram de goleiro ", completa.

"Ser goleiro foi uma grande escola de vida para mim. Nessa posição, é preciso estar preparado para responder aos perigos que podem surgir, que vêm de todos os lugares", resume, acrescentando que também jogou basquete.

Na entrevista, realizada no início de dezembro no Vaticano, o papa também alerta para os perigos do doping no esporte.

"Nenhum campeão se constrói em laboratório. Já aconteceram algumas vezes e não podemos ter certeza de que não acontecerá novamente.

Esperamos que, ainda que leve tempo, sejam reconhecidos os talentos originais dos construídos."

"O campeão nasce e se fortalece com o treinamento. O doping no esporte não é apenas uma farsa, é também um atalho que anula a dignidade.

Talento é um dom recebido, mas por si só não basta. É preciso trabalhar. Treinar é cuidar desse talento, tentar amadurecer essas habilidades", completa.

 Finalmente, o Papa Francisco fala de seus desejos para o ano que vem.

"O meu desejo é muito simples, digo-o com as palavras que escreveram numa camisa que me deram: 'Melhor uma derrota limpa do que uma vitória suja'.

Desejo isso a todos, não apenas aos esportistas. É a forma mais linda de jogar na vida, de cabeça erguida."

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