07/01/2022 07:07

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A indicação do PT de que pode imitar a Espanha e desfazer a reforma trabalhista no Brasil não é a única revisão de medida econômica que o partido discute adotar caso volte ao poder.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e importantes integrantes da legenda também avaliam atuar para reverter outras propostas aprovadas nos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro.

Dentre elas, o programa de privatizações de estatais – que pouco avançou – e o teto de gastos, principal âncora fiscal da economia. 

Uma ala do partido defende incluir na lista do “revogaço petista” a autonomia do Banco Central, aprovado no ano passado pelo Congresso, mas essa discussão ainda está num estágio menos amadurecido.

O ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva e o presidente da Espanha, Pedro Sánchez, em encontro em novembro de 2021 / Foto: Ricardo Stuckert

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Líder nas pesquisas de intenção de votos, Lula já tem dado sinais claros de que pretende mudar a orientação liberal que foi dada pelos governos Temer e Bolsonaro.

O primeiro movimento claro foi feito em relação a uma revisão da reforma trabalhista, aproveitando o que vem sendo feito nesse sentido pelo governo da Espanha. 

É importante que os brasileiros acompanhem de perto o que está acontecendo na reforma trabalhista da Espanha, onde o presidente Pedro Sanchez está trabalhando para recuperar direitos dos trabalhadores”, escreveu Lula nas suas redes sociais, colocando na rua o debate em torno da revisão de medidas liberais.

O presidente da Espanha, Pedro Sánchez, agradeceu Lula pela sua postagem nesta quinta-feira, 6.

Obrigado, Lula, por reconhecer este novo modelo de legislação trabalhista que vai garantir os direitos de todos”, declarou Sánchez no Twitter.

Deputado Rodrigo Maia, que atualmente ocupa uma secretaria no governo de São Paulo / Divulgação

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A discussão é polêmica e provocou reações contrárias.

O deputado licenciado Rodrigo Maia (sem partido-RJ), que presidiu a Câmara durante a votação da reforma trabalhista, avaliou que o ponto que gera esse interesse de rever a medida está na discussão sobre a volta de financiamento dos sindicatos, que historicamente formam a base de apoio do PT. 

Ao mesmo tempo que defendem revogar a reforma trabalhista daqui, defendem o modelo econômico da China, que não dá direito nenhum aos trabalhadores”, afirmou Maia.

“Grande parte da legislação trabalhista antiga gerava uma massa de advogados na Justiça do Trabalho. Isso não resolvia para ninguém”.

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Dentro da campanha do ex-presidente, a dúvida, agora, é a forma e o “timing” como essas discussões sobre a revisão liberal devem ser conduzidas e o quanto poderá ser ampliada sem afastar possíveis apoiadores com visão mais liberal.

Ao mesmo tempo em que acena com o cavalo de pau na atual política econômica, o partido negocia a vaga de vice de Lula com o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, que defendeu essas pautas enquanto esteve nas fileiras do PSDB.

Reprodução

Na discussão sobre a autonomia do Banco Central, a bancada do PT na Câmara defende a revisão da medida.

Mas setores importantes do partido avaliam que a discussão pode ser sensível demais.

Porém, o próprio Lula já se manifestou publicamente em março do ano passado contra a autonomia do BC, antes da sua aprovação, mas sem mencionar que poderia rever a medida.

A quem interessa essa autonomia? Não interessa ao trabalhador que foi mandado embora da Ford, o presidente da CUT. Interessa ao sistema financeiro”, disse Lula em discurso no Sindicato dos Metalúrgicos.

Conselheiros econômicos do ex-presidente, como o ex-prefeito Fernando Haddad, também já deram declarações no mesmo sentido.

O atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, foi nomeado segundo as novas regras em abril, e tem mandato até 31 de dezembro de 2024.
 

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Enquanto isso, frear o programa de desestatizações e o fim do teto de gastos são temas consensuais dentro da campanha.

Lula já se queixou publicamente da venda da BR Distribuidora e afirmou que pretende fortalecer a Petrobras, por exemplo.

Na revisão do teto de gastos, a discussão também está bastante avançada.

O governo deve coordenar um ambicioso plano de investimentos públicos e privados, gerando muitos empregos! Tchau teto dos gastos, totalmente desmoralizado por Bolsonaro. A política fiscal tem de servir aos interesses do país e do povo”, afirmou a presidente do partido, deputada Gleisi Hoffmann (PR), em postagem no Twitter.

Com informações do Estadão

 

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