Integrantes da CPI da Pandemia avaliam que o senador Renan Calheiros (MDB-AL) passou do ponto nas críticas ao governo em seu discurso na abertura da comissão.
Para esses senadores, do mesmo bloco de Renan, se o tom adotado tivesse sido mais moderado, eles poderiam ter aprovado ainda hoje os requerimentos para a convocação dos quatro últimos ministros da Saúde — Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich, Eduardo Pazuello e Marcelo Queiroga.
Até porque já era tratada como certa a convocação dos ministros.
O senador Renan Calheiros durante discurso na CPI da Pandemia (Fotos: Agência Senado)
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Sem mencionar diretamente o governo, Renan disse que não foi o acaso que produziu a atual crise sanitária, que já levou a mais de 395 mil mortes por Covid-19 no país.
Ele disse que há culpados que devem ser punidos e comparou as mortes a crimes contra a Humanidade.
Até o início da sessão, o bloco de oposição/independente costurava nos bastidores a tentativa de aprovar os requerimentos de convocação dos ministros ainda hoje.
Como o discurso de Renan foi mais agressivo contra o governo, o líder governista Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) recorreu ao regimento e conseguiu adiar a votação para quinta-feira.
Se a ordem prevista pelo relator for confirmada, o primeiro a ser ouvido será Luiz Henrique Mandetta, na próxima terça-feira (Ag.Brasil)
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Numa discussão com Renan, no final da sessão, quando decidiam os próximos passos, Bezerra reclamou de politização na CPI.
“Abundaram adjetivos em relação à atuação do governo. Não quero ser muito crítico, nem severo, mas, em alguns momentos, percebeu-se até pré-julgamento”, reclamou Bezerra.
Ele foi retrucado por Renan. "Se houve tentativa de politização, ela ocorreu na 1ª Vara de Brasília", rebateu o relator, referindo-se à ação movida por governistas contra sua indicação
Plenário da CPI da Pandemia na sessão para instalação do colegiado
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Senadores relatam, Renan não escondeu de colegas do chamado G7 (formado pelo bloco de oposição/independentes) que ficou contrariado e até ofendido com a iniciativa do governo de tentar barrá-lo até o último minuto na relatoria.
"Esse governo acha que pode tudo. O que esperava um governo que na véspera subtraiu competência do Parlamento com uma liminar desinformada, a pedido, de juiz de primeira instância?", afirmou.
Para os articuladores do governo, a estratégia é ganhar prazo e, assim, o movimento de Bezerra pode ser visto como um fôlego.
Eles trabalham com a expectativa de que a vacinação avance e, com isso, reduza o mal-estar contra Bolsonaro e companhia e diminua o interesse na CPI.
Fonte: Malu Gaspar/O Globo