O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou, nesta sexta-feira (14), a permanência de Nísia Trindade no ministério da Saúde
A declaração vem num momento em que os partidos do Centrão estão pressionando o governo por indicações nos ministérios em troca do apoio nas pautas do Executivo no Congresso.
“Eu tenho muito orgulho de ter escolhido a Nísia como ministra da Saúde.
Eu disse para a Nísia já publicamente, tem ministros que não são trocáveis.
Têm pessoas e têm funções que são uma coisa da escolha pessoal do presidente da República”, afirmou Lula.
“Eu já disse publicamente: a Nísia não é ministra do Brasil, ela é minha ministra e, portanto, ela tem uma função a cumprir e ela sabe que a única perspectiva que ela tem de sair é se ela não cumprir a função correta dela. Ela sabe.
Isso vale para mim e vale para todo mundo”, reforçou Lula.
As declarações foram feitas nesta sexta-feira, no Palácio do Planalto, durante o evento em que Lula sancionou a lei que relança o programa Mais Médicos.
Originalmente lançado em 2013, durante o governo de Dilma Rousseff (PT), o programa recebeu muitas críticas da oposição e for reformulado durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), quando ganhou o nome de Médicos Pelo Brasil.
O “novo” Mais Médicos prevê , dentre outras alterações, o pagamento direto aos médicos, o abatimento da dívida do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) daqueles que tiverem cumpridos a residência de Medicina de Família e Comunidade e a incorporação de benefícios como licença-maternidade, licença-paternidade e afastamento por até seis meses devido violência doméstica.
Lula já fez outras defesas públicas da manutenção de Nísia no Ministério da Saúde diante das insinuações de que a pasta estaria em jogo.
No último dia 5, o presidente disse que a ministra ficará no cargo até quando ele quiser.
“Eu tinha visto uma nota, uma pequena nota no jornal de que tinha alguém reivindicando o Ministério da Saúde.
Eu fiz questão de ligar para a Nísia, porque eu ia viajar para fora do Brasil.
Eu disse: ‘Nísia, vá dormir e acorde tranquila, porque o Ministério da Saúde é do Lula, foi escolhido por mim e você ficará até quando eu quiser’“, afirmou o presidente à época.
Essas declarações de Lula são uma resposta para a pressão que vem crescendo nas últimas semanas de partidos do centrão sob o governo Lula em busca de mais espaço e os ministérios chefiados por mulheres têm sido os alvos mais frequentes.
A pasta é cobiçada por ter um dos maiores orçamentos da Esplanada.
Só em 2023, há cerca de R$ 190 bilhões autorizados para o ministério, sem contar os bilhões que devem ser liberados em emendas parlamentares.
Além da Saúde, o centrão quer o controle do Ministério do Esporte, chefiado atualmente pela ex-jogadora de vôlei Ana Moser, e a presidência da Caixa Econômica Federal, cargo que é ocupado pela funcionária de carreira do banco Rita Serrano.
Sobre essas especulações de troca nos ministérios e autarquias, Lula ironizou.
“O Congresso Nacional está em férias e todo dia eu leio nos jornais a troca de ministro.
Eu já troquei todo mundo, só falta eu mesmo me trocar, só falta eu anunciar a minha saída e colocar alguém no meu lugar”, afirmou o presidente.