O caso provocou comoção no Reino Unido. De acordo com as investigações, Arthur sofria uma rotina de abusos cometidos pelo pai e pela madrasta.
Era constantemente submetido a violência física, privado de água e comida e mantido isolado em casa.
O menino foi morto quando estava aos cuidados de Tustin, que o teria intoxicado com sal e batido sua cabeça em uma superfície dura.
Júri fez um minuto de silêncio pela vida de Arthur após o anúncio do veredito (Arquivo Pessoal)
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Dois meses antes, o serviço de proteção social chegou a visitar o imóvel em que a família morava, na cidade de Solihull, na região central da Inglaterra, mas concluiu na ocasião que não havia evidência de maus-tratos.
Esse fato acabou levantando uma discussão sobre as falhas dos serviços de proteção à infância no país.
O casal foi julgado por um júri no tribunal de Coventry Crown. Tustin foi condenada por homicídio e Hughes, por homicídio culposo (sem intenção de matar).
Ambos foram considerados culpados ainda por acusações de crueldade contra crianças, previstas na lei penal britânica.
Emma Tustin foi condenada por homicídio e, Thomas Hughes, por homicídio culposo (West Midlands Police)
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Tustin recebeu pena de prisão perpétua e terá de ficar no mínimo 29 anos na prisão. Hughes foi condenado a 21 anos de detenção.
O julgamento se estendeu por quase dois meses.
Nesse período, os membros do júri foram apresentados a uma série de evidências perturbadoras coletadas durante a investigação.
Imagens de câmeras de segurança de dentro da casa do dia anterior ao homicídio mostram Arthur aparentemente mancando e chorando, com dificuldade para dobrar uma coberta que lhe havia sido dada para dormir.
Em um áudio, Arthur é ouvido gritando quatro vezes "ninguém me ama". Em outro, grita "ninguém vai me alimentar" sete vezes.
Próximo ao momento em que foi assassinado, o menino "mal era capaz de articular suas palavras" e praticamente não conseguia suportar o peso de seu próprio corpo.
Imagens das câmeras da casa mostram o garoto muito fraco e chorando (West Midlands Police)
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Durante o julgamento, soube-se que, apenas dois meses antes da morte de Arthur, o garoto havia recebido uma visita da assistência social.
A avó paterna, Joanne Hughes, havia entrado em contato com o serviço de proteção social porque estava preocupada com a possibilidade de o neto estar sofrendo maus-tratos.
Os assistentes sociais disseram, contudo, não terem verificado elementos que levantassem suspeitas.
Tustin fotografou Arthur com seu celular quando ele morria no corredor da casa e enviou a imagem a Hughes.
Ela levou 12 minutos para ligar para o serviço de emergência, e disse aos profissionais de saúde que o menino havia caído, batido com a cabeça e, já no chão, batido a cabeça outras cinco vezes.
Arthur teria dito a outros membros da família, a seu médico e na escola que seu "pai iria matá-lo" e, em uma ocasião, teria falado ao próprio pai: "Corro perigo com você, pai".
(Arquivo Pessoal)
No tribunal, o casal foi descrito pelos promotores como "totalmente cruel, irracional e impiedoso".
"Acho que eles são torturadores frios, calculistas e sistemáticos e agiram contra um garoto indefeso. Eles são perversos, malignos. Não há palavras para descrevê-los, especialmente (alguém que faz isso com) seu próprio filho", disse a avó materna de Arthur, Madeleine Halcrow, após o anúncio do veredito.
Tustin declarou-se culpada de duas das acusações relacionadas a crueldade infantil - intimidação e agressão -, mas negou uma terceira, de que teria intoxicado Arthur colocando sal em excesso no que o menino comia e bebia.
Hughes foi condenado pelos crimes de intimidação e agressão, mas considerado inocente das acusações de privar o filho de se alimentar e de intoxicá-lo com sal.
Com informações da BBC News