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Edição: Hugo Julião
06:23
26/07/2022

Turbulências políticas e econômicas: problemas típicos do Terceiro Mundo crescem na Europa

Na frente política, recentemente a instabilidade arrastou tanto o irrequieto Boris Johnson, arrancado do cargo de primeiro-ministro britânico, quanto o fleugmático primeiro-ministro italiano Mario Draghi, demissionário.

Na França, Emmanuel Macron perdeu a maioria de que dispunha no parlamento.

Na Alemanha o governo de Olaf Scholz se equilibra a duras penas na corda-bamba de uma economia ameaçada de naufrágio, no que pode vir a ser a pior recessão dos tempos recentes.

Foi-se o tempo em que a imagem da Europa era a de uma ilha de equilíbrio num mundo conturbado. Hoje ela se apresenta atravessada por várias ondas e correntes de instabilidade.

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Na frente econômica a situação não se apresenta melhor.

Pela primeira vez em mais de dez anos, o Banco Central Europeu elevou a taxa básica de juros, de zero para 0,5%, como parte de um esforço para conter uma inflação considerada galopante frente ao padrão vigente nos últimos anos. 

A média europeia está em cerca de 8% ao ano, mas ela se distribui desigualmente entre países, chegando a 80% na Turquia, e entre produtos, atingindo sobretudo os alimentos, energia e transportes.

A crise na importação europeia de grãos e de gás liquefeito devido à guerra na Ucrânia produz uma constante nuvem ameaçadora sobre no futuro próximo.

Em pleno verão, os europeus mostram-se cada vez mais preocupados com o próximo inverno.

Pode faltar energia para aquecer adequadamente lares privados, creches, escolas e outros prédios públicos, ou então seu custo subir às nuvens. 

Dois anos após o fechamento da usina a carvão de Mellach, a última da Áustria, o governo austríaco decidiu reabri-la temendo uma escassez de entregas de gás da Rússia, da qual o país depende // Foto: Getty Images

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Além dos problemas imediatos provocados pela instabilidade econômica e política, há ainda a incerteza quanto ao futuro da própria União Europeia.

A impressão que este quadro angustiante deixa é a de que as principais lideranças europeias não estavam devidamente preparadas para enfrentar a situação de uma guerra prolongada em território ucraniano.

Incluindo a participação, ainda que indireta, da Otan, dos Estados Unidos e de países do continente, através do fornecimento de armas para o governo de Kiev.

E de momento, a possibilidade de um acordo de paz que ponha fim ao conflito segue sendo uma quimera distante.

Enquanto isto, problemas que até pouco tempo atrás eram vistos como típicos do Terceiro Mundo crescem no território e na imaginação dos europeus.

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