Na terça-feira (30), a Comissão Europeia (CE) teve que suspendera distribuição de um guia interno que promovia o uso de linguagem inclusiva e com neutralidade de gênero entre os seus funcionários.
O documento foi alvo de críticas e acusações de ser uma "tentativa de cancelar o Natal".
A árvore de Natal brilha na Praça de São Pedro no Vaticano, em 2019 (Foto: Paul Haring/CNS)
O trecho que causou maior controvérsia foi a recomendação para "evitar pressupor que todos são cristãos" e substituir a saudação "Feliz Natal" por "Boas Festas".
"Nem todos celebram as festas cristãs, e nem todos os cristãos as celebram nas mesmas datas", diz o guia, que tinha sido lançado em 26 de outubro.
Helena Dalli, comissária de Igualdade da CE, justificou a decisão de cancelar o guia:
"Foram levantadas preocupações com relação a alguns exemplos fornecidos nas Diretrizes sobre Comunicação Inclusiva, que, como é habitual com tais diretrizes, é um trabalho em andamento", disse Dalli pelo Twitter.
"Estamos examinando essas questões com o objetivo de abordá-las em uma versão atualizada das diretrizes".
A comissária para a Igualdade, Helena Dalli, com o guia que gerou a polêmica (Foto: Twitter Helena Dalli)
Em um breve comunicado publicado pela Comissão Europeia, Dalli afirma que essa versão do guia "não serve adequadamente ao seu propósito. Ele não é um documento maduro e não preenche todos os requisitos de qualidade da Comissão".
"As recomendações claramente precisam ser mais trabalhadas. Portanto, eu retiro as recomendações e trabalharei mais nesse documento", conclui a comissária de Igualdade.
O guia pedia à equipe "nunca dirigir-se ao público como 'senhoras e senhores', mas usar expressões como 'prezados colegas'".
Outra recomendação aos oficiais era a de perguntar às pessoas por quais pronomes elas gostariam de ser tratadas.
O organismo aconselhava evitar referências religiosas, porque é preciso "estar sensível ao fato de que as pessoas têm tradições religiosas diferentes".
Por isso, expressões como "período de Natal" deveriam ser substituídas por "período de férias".
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O documento também orientava a não usar a expressão "nome de batismo", mas sim "primeiro nome".
Da mesma forma, não é recomendado o uso de nomes que são "tipicamente de uma religião".
Por exemplo, é melhor usar "Malika e Julio" em vez de "Maria e João" para descrever um casal internacional.
As orientações também incluíam evitar o uso de "palavras de gênero", como "feito pelo homem", termo que deveria ser substituído por "sintético".
Cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano ( Crédito: kremlin.ru)
O documento interno da Comissão Europeia foi alvo de críticas por diversos políticos europeus, incluindo acusações de que o documento é um "ataque ao bom senso".
Um artigo no jornal italiano Il Giornale alegou que as orientações eram uma tentativa de "cancelar o Natal".
Em seguida, vários políticos manifestaram sua oposição aos conselhos.
O cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, disse ao Vatican News:
"Claro, sabemos que a Europa deve a sua existência e sua identidade a numerosas contribuições, mas nós certamente não podemos nos esquecer de que uma das maiores contribuições, se não a principal, tem sido o próprio Cristianismo".
Com informações da Gazeta do Povo/Vatican News