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Edição: Hugo Julião
06:57
09/01/2021

Veja: Doria altera título de reportagem crítica da Science sobre Coronavac

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), divulgou, nas redes sociais, uma versão com título editado de reportagem publicada pela revista científica Science que criticava a divulgação da eficácia da vacina Coronavac, realizada na quinta (7) pelo Instituto Butantan.

"Brasil anuncia resultados 'fantásticos' para a vacina de Covid-19 de fabricação chinesa, mas detalhes permanecem vagos", diz o título original da publicação.

Na versão compartilhada por Doria, encurtada, o título ganhou tom mais otimista: "Brasil anuncia resultados 'fantásticos' para a vacina de Covid-19 de fabricação chinesa".

A imagem divulgada pelo governador paulista ainda traz a inscrição de que a "eficácia da vacina do Butantan é destaque na Science, uma das principais revistas científicas do mundo".

A reportagem, no entanto, está longe de ser elogiosa ao anúncio feito pelo governo Doria.

"[Dimas] Covas [presidente do Instituto Butantan] não fez menção aos números dos casos, afirmando que os dados serão divulgados em publicação científica e aos órgãos reguladores brasileiros. Mas, quando pressionado por jornalistas, ele admitiu que havia 218 casos de doenças leves", afirma o texto da Science.

"A falta de dados —sem falar na discrepância de eficácia— previsivelmente levou ao ceticismo imediato", segue a reportagem.

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Imprensa ficou sem respostas sobre diferenças nos subgrupos por idade ou detalhes sobre efeitos colaterais

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O texto da Science faz coro à crítica de pesquisadores e cientistas brasileiros.

Eles apontam falta de transparência com relação a dados não divulgados como o da eficácia geral da vacina, que vem sendo testada em outros países.

Também não foram detalhados itens como diferenças nos subgrupos por idade e possíveis efeitos colaterais.



O Governo de São Paulo informou que a Coronavac teve uma eficácia de 78% a 100% nos estudos finais realizados no Brasil.

O índice de 78% se aplica à prevenção de casos leves da doença.

Entre os voluntários vacinados que se contaminaram, não houve nenhum caso moderado, grave, morte ou internação necessária.

Com informações da Folha de S.Paulo/Mônica Bergamo
 

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