Acervo do Museu da Patologia / Foto: Gutemberg Brito
O Museu da Patologia do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), celebrou, em 2023, uma jornada caracterizada pela inovação e resiliência dedicadas à pesquisa e à educação científica.
Trata-se de um espaço museológico singular, onde repousam centenas de milhares de espécimes de órgãos e tecidos humanos, cada qual contando uma parte da complexa narrativa das doenças no Brasil.
Estas peças raras também testemunham as investigações conduzidas por eminências da ciência nacional. Além disso, é um local de aprendizado que cativa corações e mentes de todas as faixas etárias.
Em 1903, o sanitarista Oswaldo Cruz teve a ideia de criar um espaço onde pudesse guardar amostras de órgãos analisados em necropsias. Ele queria entender e combater a febre amarela, uma doença que estava causando muitas mortes naquela época.
Esse lugar, conhecido como Museu da Patologia, fica em Manguinhos, no Rio de Janeiro, onde está a sede da Fiocruz. O museu tem um acervo que mostra as pesquisas e descobertas sobre várias doenças, especialmente as tropicais.
Entre tantos exemplos do acervo, podemos citar o coração que foi usado para estudar os danos causados pela doença de Chagas; e também exemplares que mostram como as doenças se manifestavam antes e depois das vacinas serem desenvolvidas.
A Coleção da Seção de Anatomia Patológica está profundamente ligada à história da histologia patológica no Brasil. O desenvolvimento desse campo começou a tomar forma no início do século XX em dois núcleos de pesquisa, um deles localizado no Instituto Soroterápico de Manguinhos, hoje conhecido como Instituto Oswaldo Cruz.
A relevância dessa coleção foi reconhecida desde os primeiros anos de sua criação. O acervo foi exibido por Oswaldo Cruz no Congresso Internacional de Higiene e Demografia em Berlim, na Alemanha, em 1907, onde recebeu a medalha de ouro. Devido às peças que documentavam as lesões causadas pela febre amarela e pela peste bubônica, a exposição despertou um enorme interesse dos visitantes.
A Coleção de Febre Amarela, cujo início remonta a 1928 por meio de um acordo entre o governo brasileiro e a Fundação Rockefeller, reflete as atividades empreendidas no Brasil no combate ao ciclo urbano da doença durante o século 20.
A técnica de viscerotomia, que envolve a remoção de fragmentos de órgãos internos para análise e diagnóstico, foi utilizada para preservar exemplares que posteriormente eram convertidos em blocos de parafina, dos quais se originavam lâminas para fins diagnósticos.
Essa coleção biológica é acompanhada por uma vasta documentação, incluindo protocolos de pesquisas, registros de casos da doença, laudos histopatológicos e fotografias de indivíduos e locais de coleta.
O acordo com a Fundação Rockefeller chegou ao fim em 1939, mas a campanha de combate à febre amarela continuou sob responsabilidade do governo federal por meio do Serviço Nacional de Febre Amarela.
A guarda da Coleção foi transferida completamente para o IOC no final da década de 1940 e a integração oficial ao Museu da Patologia ocorreu em 2007.
Após um período sombrio - entre o final da década de 1960 e a década de 1970, quando foram interrompidas as pesquisas, com o fechamento de laboratórios e a perseguição a cientistas – o Instituto foi reorganizado.
Nos anos 1980, o Departamento de Patologia foi estabelecido dentro do IOC. Este departamento, algumas décadas mais tarde, evoluiu para o atual Laboratório de Medicina Experimental e Saúde, que é o responsável pela preservação e administração do Museu da Patologia.
Em 1984, surgiu a Coleção do Departamento de Patologia, que ainda hoje recebe material de pesquisas. Ao contrário das outras coleções focadas na patologia humana, esta se dedica à patologia experimental, examinando a indução artificial de processos patológicos.
O acervo continua a crescer devido à necessidade de material para pesquisas científicas, monografias, dissertações e teses em Patologia e Hematologia experimentais.
Com informações do IOC/Fiocruz