Saúde

Da Redação
10:47
25/07/2024

HIV: novo medicamento injetável previne 100% das infecções, diz farmacêutica

A farmacêutica Gilead Sciences anunciou nesta quarta-feira que um novo medicamento injetável, administrado apenas duas vezes por ano, conseguiu prevenir 100% das infecções pelo HIV na fase 3 de um dos testes clínicos.

Os resultados positivos do lenacapavir já haviam sido divulgados anteriormente, mas agora foram oficialmente publicados na revista científica The New England Journal of Medicine.

Resultados publicados e apresentados na Conferência Internacional de AIDS

Os dados também foram apresentados hoje na 25ª Conferência Internacional de AIDS, que está sendo realizada em Munique, na Alemanha.

O medicamento, comercializado como Sunlenca, já recebeu aprovação das agências reguladoras, mas atualmente é utilizado para tratar casos de HIV multirresistentes, e não como método de prevenção.

Lenacapavir como profilaxia pré-exposição (PrEP)

O novo estudo avaliou o uso do lenacapavir como uma profilaxia pré-exposição (PrEP), uma terapia destinada a pessoas em maior risco de exposição ao HIV, para evitar a infecção caso entrem em contato com o vírus.

Vantagens da PrEP injetável sobre os comprimidos diários

A estratégia de PrEP para o HIV não é nova, mas atualmente é feita por meio de comprimidos diários.

Esta forma de PrEP tem uma alta eficácia, superior a 90%, e está disponível no Brasil pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2017.

No entanto, a adesão diária aos comprimidos pode ser um desafio para muitos.

Por isso, laboratórios têm desenvolvido versões de longa duração, que requerem menos administrações anuais, facilitando a adesão.

Até então, a versão mais avançada era o cabotegravir, da GSK, que precisa ser aplicado a cada dois meses e foi aprovado pela Anvisa em junho do ano passado.

Agora, os novos resultados da Gilead Sciences indicam que o lenacapavir também é eficaz na prevenção do HIV, com a vantagem de necessitar apenas duas aplicações anuais.

Diferença entre PrEP e vacinas

Embora o medicamento seja uma injeção para prevenir uma doença infecciosa, ele não é uma vacina.

O lenacapavir, assim como a PrEP em comprimidos, não estimula o sistema imunológico a produzir suas próprias defesas contra o HIV.

Ele é um antiviral que bloqueia os "caminhos" que o vírus utiliza para se replicar, necessitando estar continuamente presente no organismo.

Para esclarecer, uma vacina é desenvolvida com material genético de um vírus ou bactéria, geralmente proteínas enfraquecidas ou inativadas, permitindo que o sistema imunológico reconheça esses fragmentos e comece a produzir anticorpos e células de defesa.

Em essência, ela simula a exposição ao agente infeccioso para gerar uma resposta imune.

Assim, quando o corpo é exposto ao vírus ou bactéria, já possui uma defesa própria, pois o sistema imunológico "reconhece" o agente e pode se proteger.

No caso da PrEP, a substância não induz essa resposta ativa do sistema imune.

A PrEP é um medicamento antiviral que também é utilizado no tratamento de pessoas já infectadas. A ideia é manter a droga constantemente presente no sangue para, caso a pessoa entre em contato com o vírus, impedir rapidamente sua replicação antes que cause a infecção.

Continuidade da proteção

Portanto, se a administração da PrEP for interrompida, a proteção desaparece.

Por outro lado, as vacinas podem exigir doses de reforço para fortalecer a resposta do sistema imunológico ao longo do tempo, mas a proteção básica se mantém por um período prolongado.

 

Com informações do O Globo

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