A endometriose foi reconhecida, em maio de 2021, como um problema de saúde pública pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A doença é grave e estima-se que atinja mais de 170 milhões de mulheres em todo o mundo e cerca de sete milhões apenas no Brasil, provocando dores incapacitantes não somente em período menstrual.
Durante este mês, a campanha Março Amarelo visa conscientizar a população sobre a importância do diagnóstico precoce da doença.
O ginecologista e obstetra cooperado Unimed Sergipe, Dr. Kelso Passos, que é um especialista em endometriose, explica que o útero possui três camadas, sendo uma delas o endométrio, camada onde se desenvolve a endometriose.
"A endometriose acontece quando se encontra células do endométrio fora do seu local.
Essas células podem ir para os ovários, para as trompas ou para qualquer local do corpo.
Não é incomum encontrar endometriose no intestino delgado, no apêndice e até mesmo em órgãos extrapélvicos, como no diafragma, no pulmão e no cérebro", explica Dr. Kelso.
De acordo com o especialista, 10% das mulheres atingidas por endometriose podem não apresentar sintomas.
No entanto, para a maioria das pessoas acometidas pela doença, os sintomas podem ser bastante desconfortáveis.
"A cólica forte é um dos sintomas mais frequentes e comuns.
Não é uma dor normal, é uma cólica incapacitante, que leva ao hospital.
Não é frescura, não é porque quer chamar atenção.
É uma doença grave que precisa ser diagnosticada e tratada", ressalta o médico.
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Mesmo não sendo difícil para ser diagnosticada, podendo ser identificada por exames de ultrassonografia e de laparoscopia, estima-se que, no mundo, o diagnóstico demore entre oito e 10 anos para ser feito.
No Brasil, esse tempo pode chegar a 15 anos, o que segundo Dr. Kelso, tem a ver com a falta de especialistas sobre a doença.
"Existem dois mitos sobre a endometriose que precisam ser derrubados.
O primeiro é que quem tem endometriose terá dificuldade para engravidar e isso não é verdade.
Muitas mulheres que sofrem da doença passam por duas, três ou mais gestações naturalmente, sem precisar de nenhuma intervenção.
O segundo mito é de que sempre precisará de cirurgia.
Apenas 10% dos casos de endometriose são cirúrgicos e isso depende de uma série de fatores", pontua Dr. Kelso.
A endometriose não tem cura, mas tem controle através do tratamento, que precisa ser iniciado o quanto antes, para garantir uma boa qualidade de vida à paciente.
"A doença não tratada evolui rapidamente e acaba com a qualidade de vida da mulher, incapacitando-a não somente no período menstrual, mas nos 30 dias do mês e pode levar à infertilidade e ao comprometimento de outros órgãos", complementa o especialista.