Uma vacina em forma de spray nasal de fácil aplicação, baixo custo, proteção duradoura inclusive contra variantes e capaz de bloquear a ação do novo coronavírus ainda no nariz, onde começam as infecções.
Esse é o objetivo de um projeto que está sendo desenvolvido por um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e a Fiocruz.
O novo imunizante, ainda em fases iniciais de estudo, foi apresentado na última segunda-feira (30) durante o Ciclo ILP-Fapesp de Ciência e Inovação.
Edécio Cunha Neto, professor da Faculdade de Medicina da USP e pesquisador do Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração (Incor).
"Uma das vantagens da imunização nasal é que ela gera uma imunidade local no nariz, na orofaringe [parte da garganta logo atrás da boca] e nos pulmões. É exatamente o 'território' ideal para impedir a consolidação de uma infecção pelo SARS-CoV-2.
Vacinas injetáveis são muito boas para induzir imunidade sistêmica e também nos pulmões, mas não são especialmente boas para gerar uma resposta protetora na região nasal e orofaringe", explicou Edécio Cunha Neto.
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Segundo o pesquisador, o objetivo é criar uma vacina que gere anticorpos neutralizantes duradouros e também estimule de forma robusta a imunidade.
Atualmente, a equipe está testando 25 combinações diferentes de proteínas, que serão encapsuladas em nanopartículas de cerâmica recobertas com um polímero para garantir a adesão do imunizante ao ambiente nasal.
Testes preliminares com duas doses de protótipos do antígeno levaram à geração de altas quantidades de anticorpos neutralizantes em camundongos.
Cunha Neto ressalta que o produto esperado deverá ainda ser estável em temperatura ambiente, além de seguro, com baixo custo e domínio de todo o processo de fabricação no país.