12/07/2023 08:00

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Na eleição de 1989, apenas 9% dos eleitores se declaravam evangélicos; hoje esse número supera os 30%

Foto: Getty Images

Desde a redemocratização não houve mudança maior na característica da sociedade brasileira do que a religiosa.

No pleito de 1989, apenas 9% dos eleitores se declaravam evangélicos, e, hoje, esse número, mesmo sem a contagem oficial do Censo, supera os 30%, considerando as pesquisas realizadas pelos maiores institutos do país. Uma corrente que triplicou em pouco mais de 30 anos.

O aumento de evangélicos não é o único ponto que vai destronando o Brasil da posição de país mais católico do mundo.

Entre os jovens de 16 a 24 anos, em levantamentos feitos pelo Datafolha, na última eleição, a expressão de pessoas sem religião já supera qualquer linha dogmática existente.

No Rio de Janeiro, 34% dos entrevistados nessa faixa etária consideram não possuir religião alguma e mais 32% se declaram evangélicos.

Dois terços do novo eleitorado, na segunda cidade mais populosa do Brasil, já não é mais católico.

Essa nova configuração alerta para uma sociedade muito distinta e em constante movimentação.

A pensar que os evangélicos crescem quase 1% ao ano e com a estagnação do catolicismo, muito em breve, ao manterem essa taxa de conversão, serão maioria no país. As projeções feitas desde o Censo de 2010, eram de que até 2032, ou seja, daqui a menos de dez anos, o Brasil já teria maioria evangélica.

O impacto dessa nova sociedade no panorama eleitoral é o que mais instiga as análises sobre o comportamento do voto.

Os evangélicos crescem na parte de baixo da pirâmide social, especialmente nas periferias das grandes cidades, onde concentra-se a classe C2, que congrega 27,2% dos brasileiros, segundo Critério Brasil, desenvolvido pela ABEP.

Os sem religião aumentam vertiginosamente entre as classes mais altas, deixando os católicos cada vez mais isolados entre os grupos etários mais velhos e a classe D, mais pobre, com renda média próxima aos 900 reais, que possui 28,8% de pessoas.

É importante perceber que o desequilíbrio social é responsável por aglutinações de classes em algumas regiões.

O Nordeste, por exemplo, possui 49,1% de habitantes na classe D, contra apenas 19,5% do Sudeste.

Não à toa, no Nordeste é onde vemos ainda a maior expressão do catolicismo romano.

O sertão nordestino é palco de romarias, expressões culturais como as festas juninas de São João, São Pedro e Santo Antônio, a Paixão de Cristo e diversos santuários, como o de Padre Cícero, em Juazeiro do Norte, no Cariri cearense.


Com informações do Estadão

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