O single traz a mistura, o emaranhado cultural entre Brasil e Portugal, e a criação artística em ebulição entre artistas brasileiros em solo português.
Em um mergulho em sua residência artística que começou em 2019 em Portugal, a artista brasileira Tatiana Cobbett, buscou inspiração em sua própria história para o seu processo criativo.
Crédito: João Cobbett
“Eu fui atrás da memória da minha família, como fonte de inspiração para esse trabalho.
Foram três questões que geraram esse movimento: primeiro o resgate da minha ancestralidade, já que eu sou neta de portugueses, me pareceu muito importante relembrar a memória familiar; o reconhecimento histórico cultural é outro ponto muito importante, visto que eu vivo em Florianópolis, uma terra colonizada por portugueses que traz a herança da cultura açoriana de maneira muito forte, então a minha vivência traz esse vínculo afetivo; e o outro ponto é a língua… é a palavra, a voz que me colocou nesse lugar da música.
Foi como compositora que eu ansiava ir, dar um voo maior, conhecer outros lugares e obviamente olhar para Portugal a partir da minha descendência, a partir do meu chão de construção artístico cultural”, explica a artista.
A mistura poética e sonora entre Brasil e Portugal permeia o novo trabalho da consagrada artista Tatiana Cobbett
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A intenção do projeto é lançar um álbum composto por 10 faixas, que vem sendo apresentado para o público progressivamente.
A cada ciclo completo, visualizado e experienciado pela artista, um novo single é lançado.
“Essa sétima faixa traduz muito todo esse processo que vem acontecendo, do “Lá e Cá”, e também tem esse lugar de composição a partir, não só de uma visão pessoal e sim, das vivências, visto que este projeto está o tempo todo se movendo.
Então eu olho para o cantar de um jeito diferente, próprio, de interpretar a canção do outro”, enfatiza.
Os inúmeros encontros e parcerias criativas ao longo da residência artística são destacados por Tatiana.
São os próprios encontros o cerne do projeto que traz justamente como ideia central impulsionar artistas dos dois continentes a partir da experiência e do encontro musical.
“O instrumento sozinho não faz absolutamente nada. Quem faz o instrumento soar e acontecer são os músicos, é onde fica impressa a sua personalidade”, diz Tatiana referindo-se às parcerias musicais fundamentais para a construção do “Lá e Cá”.
Florbela Espanca / Reprodução
Em “Flor Bela”, além de trazer a letra da poetisa portuguesa Florbela Espanca, musicada por Tatiana, traz três profissionais com sólida carreira artística para construir o novo trabalho.
“Estão comigo Edu Miranda, artista brasileiro que traz uma renomada carreira de 20 anos em Portugal. Ele assina o violão de sete cordas, o bandolim e o cavaquinho, trazendo a formação tradicional do choro.
No pandeiro Sami Tarik, artista companheiro de muitos anos, nascido na cidade de meu pai, que traz uma ligação afetiva e profissional com o meu fazer artístico e que eu entendo como o músico perfeito para entender esse processo construtivo.
E, obviamente, o personagem mais importante do choro, que é a flauta, aproveitando todo esse caminho de encontros, busquei uma identidade específica para o trabalho, então chego à Larissa Galvão, instrumentista catarinense, de Joinville, que completa esse desenho sonoro de ‘Flor Bela’”.
Ao longo dos seus 20 anos de carreira, Tatiana traz para a sua história na música o forte vínculo com o movimento e a luta pela visibilidade das mulheres na música.
Começando pela sua própria trajetória enquanto mulher multiartista que abre esses novos caminhos para o fazer artístico no Estado e em um País onde a profissão musical é composta majoritariamente por homens.
É idealizadora do Portal “Elas Por Elas - mulheres na música catarinense”, projeto que mapeia mulheres que integram a história da música no Estado, e que estão ativas em suas produções musicais em todas as regiões de Santa Catarina, abrindo espaço e evidenciando essas produções.
As ações do projeto pretendem, além do mapeamento, a criação e o fortalecimento de uma rede de parcerias artísticas entre mulheres.
Chiquinha Gonzaga / Reprodução
Em Portugal Tatiana é uma das idealizadoras do “Raparigas no Groove”, um quarteto de mulheres artistas atuantes na cena em Lisboa, que traz como objetivo evidenciar o trabalho de compositoras brasileiras e portuguesas, voltando o olhar para a produção feita por mulheres.
Com “Flor Bela” não seria diferente: a artista traz como inspiração artistas brasileiras e portuguesas como a maestrina carioca e primeira regente mulher de uma orquestra no Brasil, Chiquinha Gonzaga e a poetisa portuguesa, também pioneira em seu tempo a partir de sua produção poética literária, Florbela Espanca.
Ambas trazem características em comum: foram mulheres que desafiaram o seu tempo, para desenvolver o seu trabalho artístico e abrir, de maneira decisiva, as portas para tantas outras mulheres no campo artístico cultural.
“Flor Bela” estará disponível a partir deste sábado, 15, nas plataformas digitais Spotify, Deezer, Apple Music, Tidal.
“Estamos muito satisfeitos com essa criação. Esse processo não está finalizado, está em pleno voo”, finaliza a artista.
Ouça o novo trabalho - disponível a partir de 15/01: https://onerpm.link/533859469038
Mais informações sobre a artista: www.tatianacobbett.com
Créditos:
Texto: Camila Almeida
Fotos: Bruna Buniotto
Agendamento de entrevista/ outras informações com:
Camila Almeida/ Girassol Cultural
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