Impulsionada pela maior presença digital da população por causa da pandemia e pela agilidade das transações bancárias, a aplicação de golpes avança no País.
Investigações apontam que organizações criminosas também passaram a investir nessa modalidade.
Como resposta à alta, as polícias e o Ministério Público dos Estados têm criado, ou mesmo fortalecido, grupos especializados em combater crimes cibernéticos.
O objetivo principal, apontam, é desarticular quadrilhas que estão investindo em aplicar desde golpes do motoboy a invasão em contas de Instagram e WhatsApp. Parte das investigações é incipiente.
A tendência, porém, é que se intensifiquem nos próximos anos.
Como mostrou o Estadão, só em golpes bancários o volume devem gerar prejuízos de R$ 2,5 bilhões este ano.
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Há um movimento das facções criminosas em utilizarem certos aparatos tecnológicos para movimentar dinheiro e fazer lavagem de dinheiro.
Participam também de esquemas de pirâmide, usando bitcoins e outros ativos, disse o promotor de Justiça Roberto Alvim Júnior, que coordena o CyberGaeco, do Ministério Público do Rio Grande do Sul, um dos Estados que viram os casos de estelionato triplicarem em um período de três anos, segundo dados oficiais.
Atualmente, os crimes de estelionato descritos como mais frequentes no País são o do perfil falso no WhatsApp, em que criminosos se passam por outra pessoa para pedir dinheiro emprestado, e o das falsas vendas no Instagram, em que perfis são invadidos para publicação de anúncios de produtos que não existem.
Os tidos como “clássicos”, como falsos leilões e ofertas de emprego ilusórias, também seguem sendo aplicados.
Os golpes avançaram principalmente na pandemia, afirma Alvim Júnior, já que mais pessoas passaram a recorrer a soluções digitais.
Os criminosos, então, seguiram esse movimento e sofisticaram as ferramentas.
“A partir do momento em que o smartphone ficou bem mais popularizado, que se consolidou a rede 4G e os aplicativos de banco permitiram mais ações dos usuários, os golpes passaram a se propagar.”
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A pesquisa realizou 2.000 entrevistas de 5 a 7 de agosto de 2022.
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Perfil das vítimas
As quadrilhas costumam mirar pessoas com dois perfis:
idosos, que estão mais suscetíveis a não ter familiaridade com novas tecnologias, e pessoas que normalmente fazem muitas tarefas ao mesmo tempo.
“Esse segundo perfil são pessoas que perceberiam o golpe em situações mais tranquilas.
Mas na correria do dia a dia, em que vão fazendo tudo no automático, acabam caindo”, disse Douglas Vieira, titular da Delegacia Especializada de Defraudações (Defa), da Polícia Civil do Espírito Santo.
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Brasil tem 3.465 casos por dia
Nenhum crime cresce tanto no País quanto os golpes.
Dados reunidos pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontam que os registros de estelionato praticamente triplicaram em um período de três anos.
As ocorrências foram de 426.799, em 2018, para 1.265.065, no ano passado - o que corresponde a 3.465 casos por dia.
Em números absolutos, São Paulo lidera.
Em termos proporcionais, destacam-se Distrito Federal e Paraná.
No recorte de golpes aplicados especificamente por meios eletrônicos, o aumento registrado no período é ainda maior:
o número de ocorrências passou de 7.591, em 2018, para 60.590, no último ano.
Apesar da diferença expressiva, a modalidade ainda é considerada muito subnotificada, uma vez que pouco mais da metade das unidades federativas destaca essa variação nas estatísticas.
A mais recente edição do Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgada em junho, aponta que o Estado que mais registrou golpes em 2021 em números absolutos foi São Paulo, com 382.110 notificações - 1.046 casos diários.
A Secretaria de Segurança Pública informou também levar em conta boletins com tentativas de aplicar o crime.
Com informações do Estadão