A confirmação de três casos de atrizes pornô que tiveram testes de HIV positivos em São Paulo, principal polo erótico no país, praticamente paralisou a indústria nacional de filmes do gênero
Produtoras menores, grandes fornecedoras de conteúdo para plataformas nacionais e estrangeiras, interromperam gravações por falta de elenco.
Nos bastidores, atores pornô se dizem apavorados com a situação.
Fotos: Reprodução/Internet
Duas das atrizes infectadas tinham participado de cenas de sexo grupal com troca de parceiros em outubro de 2021.
O vídeo era produzido para o canal de um dos participantes na plataforma XVideos.
Além delas, figuraram na produção outros quatro atores, cujos resultados para um teste de HIV realizado no ano passado foram negativos.
Esses atores fazem novos testes este mês. Ninguém usou camisinha.
Semanas antes, uma dessas atrizes havia participado de uma cena com uma intérprete trans para a produtora HardBrazil —também sem proteção.
Foi dessa atriz trans o primeiro resultado positivo para HIV.
Desde então, todos os atores envolvidos gravaram cenas com outros parceiros, seja para alimentar seus canais pessoais ou para produtoras menores.
Contudo, não é possível afirmar que as infecções ocorreram dentro das gravações. Afinal, o elenco também pratica sexo em suas vidas privadas, fora do alcance das câmeras.
Produtoras menores têm como prática exigir dos atores a realização de exames de HIV antes das gravações.
Algumas dessas produtoras, como a HardBrazil, dizem não adotar preservativos em suas gravações porque sobrevivem da exportação de seus filmes.
E "ninguém compra lá fora se tiver camisinha", diz Fábio Silva, CEO da empresa.
"Essa prática ocorre não só no Brasil, mas na produção de filmes eróticos em todo o mundo. Nós tomamos todos os cuidados possíveis dentro do nosso alcance, porque estamos lidando com vidas e profissionais."
Casos como os três recentes provavelmente jamais teriam acontecido nas duas maiores produtoras de filmes eróticos do país.
Uma delas, a SexyHot — também um canal na televisão — é administrada pelo Grupo Globo, e a outra é a Brasileirinhas.
As duas produtoras não só exigem exames de HIV como também o uso de preservativos em suas produções.
Elas informam, no entanto, que têm em seus acervos milhares de filmes sem uso de preservativos que seguirão disponíveis ao público.
Os filmes estrangeiros —sem camisinha— também continuarão a ser adquiridos.
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Caso de HIV parou a indústria pornô americana há 11 anos
Em agosto de 2011, a indústria de filmes eróticos do país parou totalmente depois que um dos seus artistas recebeu um diagnóstico positivo de HIV.
A interrupção das filmagens foi acompanhada por todas as grandes produtoras do setor, então preocupadas com a repercussão do caso.
Meses mais tarde, porém, tudo voltou a ser como era antes.
Nos Estados Unidos, a prática é que os atores façam testes para o HIV mensalmente, mas também não existe qualquer obrigatoriedade de uso de preservativos.
Com informações da Folha de S.Paulo