Uma equipe de cientistas britânicos, norte-americanos e sul-africanos publicou um estudo na revista Science Advances sugerindo que o megalodonte, o maior tubarão que já existiu na Terra, pode ter sido um animal maior, mais rápido e mais forte do que antes se acreditava.
Ilustração do gigante tubarão Megalodon - Divulgação
Como os corpos dessas criaturas eram formados basicamente por cartilagem, o Otudos megalodon, nome científico do tubarão gigante que viveu há cinco milhões de anos, os pesquisadores precisaram usar dentes desses predadores e realizar comparações com parentes vivos, como as espécies tubarões-canela e tubarão-branco.
Catalina Pimiento, paleontóloga da Universidade Swansea, no País de Gales, e o anatomista inglês John Hutchinson, especialista em modelagem computacional de animais extintos, desenvolveram com uma equipe de colaboradores um modelo de megalodonte em 3-D.
Para isso, eles tiveram como base a espinha preservada de um tubarão gigante extinto, descoberta na década de 1860 e mantida no Instituto Real de Ciências Naturais da Bélgica.
O resultado da modelagem dos pesquisadores sugere que o animal pré-histórico tinha cerca de 15 metros de comprimento e 67 toneladas.
Entretanto, Catalina Pimiento defende a teoria que é possível que os megalodontes fossem ainda maiores, já que existem outras vértebras fossilizadas que são 50% maiores do que a usada no projeto 3-D.
Um estudo de 2015, baseado no tamanho de 545 dentes, estima que ele tinha um tamanho médio de 10 metros, podendo chegar a 17 metros de comprimento // Foto: Shutterstock
Entre as demais espécies existentes, a maior velocidade é a do tubarão-salmão, que pode atingir mais de 3 km/h.
“Essas reconstruções funcionam muito bem quando aplicadas a animais vivos cuja massa conhecemos, então parecem estar certas, em geral”, afirmou o pesquisador John Hutchinson.
Ilustração usada pelo site www.science.org, de autoria de Humberto Ferrón.
Uma guerra por comida pode ter sido a razão da extinção do megalodonte. Segundo um estudo da Universidade Johannes Gutenberg, em Mainz, na Alemanha, o animal teve de competir por alimentos com outro predador feroz, o tubarão-branco.
Muitos fatores diferentes foram sugeridos para explicar a extinção do megalodonte, que ocorreu há 3 milhões de anos. Entre eles, as mudanças no nível do mar e a redução de presas.
Ilustração
No estudo, os pesquisadores usaram isótopos de zinco (elemento químico) nos dentes de tubarões vivos para tentar entender a dieta de animais mortos há muito tempo.
Os dentes do megalodonte / Foto: Wikimedia Commons
Pistas químicas nos dentes de tubarões vivos e 13 dentes fósseis do animal extinto sugerem que o tubarão-branco e o megalodonte tiveram posições semelhantes na cadeia alimentar e podem ter competido pelo mesmo alimento, incluindo baleias, golfinhos e botos.
“A extinção foi estudada de muitos ângulos diferentes na última década”, observou Catalina Pimiento. “O mistério sobre o que o megalodonte comeu e até que ponto competiu com outros tubarões permanece.”