Tema Livre

Catarina Rochamonte
11:08
04/01/2021

No aborto, feto é o lado mais fraco, por Catarina Rochamonte

A gravidez indesejada põe a mulher em uma condição de extremo conflito, em uma situação limite. A questão que se coloca é se, nesse caso, a mulher está totalmente livre para decidir se o feto deve viver ou morrer.

Nós entendemos que há limites ético-morais de primeira ordem quanto a esta decisão, pois está em jogo o bem maior, que é a vida. Não se trata apenas do corpo da mulher.

Catarina Rochamonte é doutora em filosofia, autora do livro 'Um olhar liberal conservador sobre os dias atuais' e presidente do Instituto Liberal do Nordeste (ILIN)

Para muitas feministas o aborto não é mais sequer uma questão difícil ou um dilema moral; tornou-se uma bandeira tremulante.

A recente legalização do aborto na Argentina foi destacada por quase toda a mídia e por quase todos os partidos de esquerda como uma decisão formidável.

A militância comemorou e a mídia progressista enalteceu o direito de matar como uma conquista, numa demonstração assustadora da inversão de valores promovida pelo materialismo mais deletério.



Felizmente, há exceções na esquerda quanto a essa bandeira. Norberto Bobbio, por exemplo, aponta quão paradoxal é a posição esquerdista frente a essa polêmica:

O problema mais embaraçoso é o do aborto”, afirma Bobbio no livro “Direita e Esquerda – Razões e Significados de uma Distinção Política”:

“Geralmente a refutação do aborto faz parte dos programas políticos da direita. A esquerda é preponderantemente abortista. Fizeram-me observar que esta posição parece contrastar uma das definições mais comuns da esquerda, segundo a qual ser de esquerda significa estar do lado dos mais fracos. Na relação entre a mãe e o nascituro quem é o mais fraco? não seria o segundo?”


Sem dúvida o mais fraco é o segundo. O feto é a mais frágil, indefesa e inocente de todas as criaturas.

Temos tentado apontar para um ponto de equilíbrio capaz de reunir o que há de melhor na esquerda e na direita.

A defesa do aborto, porém, é o que pode haver de pior em qualquer ideologia, doutrina ou programa partidário.

Legalizar o aborto não é progresso: é sintoma de decadência moral; é involução civilizatória.

Fonte: Folha de S.Paulo

     

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