Tema Livre

Redação / Hugo Julião
18:21
19/09/2021

Talibã está perseguindo gays no Afeganistão; comunidade LGBT teme pela vida

Na tarde de 26 de agosto, a universitária Rabia Balhki (nome alterado para proteção da identidade) estava abrindo caminho no meio da multidão do lado de fora do aeroporto de Cabul. 

Perto dali, os combatentes do Talibã ocasionalmente disparavam tiros de advertência para o ar e davam varadas nos presentes.

Em pânico, eles fugiam em todas as direções, dificultando ainda mais o acesso de Rabia ao aeroporto. 

Mas ela permaneceu inabalável: como contou ao site alemão Deutsche Welle, estava desesperada para fugir do Afeganistão por ser mulher e também lésbica. 

Talibãs têm grupos especializados em perseguir e matar LGBTs (AFP)

----------

Para o grupo fundamentalista islâmico, a presença da comunidade das lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros não é aceitável.

Depois de superar todas as dificuldades, Rabia finalmente alcançou a entrada do aeroporto, mas o talibã que guardava o portão se recusou a deixá-la passar. 

Ela não teve escolha, senão retornar para casa. Uma hora depois, um homem-bomba detonou um explosivo na multidão e um parente dela morreu no local.

Rabia está feliz por ter escapado do ataque, mas não sabe se sobreviverá à caça do Talibã às pessoas LGBTQ. 

"O Talibã pensa que somos como o lixo na sociedade. Eles querem nos eliminar."

A comunidade LGBTQ no Afeganistão sempre viveu uma vida secreta, já que no país a homossexualidade é considerada imoral e anti-islâmica.

Quem é condenado por ter relações com alguém do mesmo sexo pode ser sentenciado à prisão perpétua, tanto de acordo com o Código Penal do país, de 2017. 

Sob a lei islâmica, a sharia, tecnicamente até a pena de morte é permitida.
 

Publicidade

---------
 

No Afeganistão novamente controlado pelos fundamentalistas, pouco ou nenhum espaço sobra para quem seja LGBTQ.

Em entrevista ao jornal alemão Bild em julho, Gul Rahim, juiz do Talibã numa província no centro do Afeganistão, disse:

 "Para os homossexuais, só pode haver duas punições: ou apedrejamento, ou ele deve ficar atrás de um muro que vai cair sobre ele. A parede deve ter de 2,5 a 3 metros de altura."

Com informações do DW

Compartilhe