24/07/2023 09:30

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A expressão “turismo regenerativo” está em circulação há algum tempo, mas foi só a partir de 2017 que ganhou contornos mais definidos.

Naquele ano, o Conselho Global de Turismo Sustentável (GSTC), organização não governamental ligada às Nações Unidas para promover a responsabilidade social no setor, lançou os princípios básicos para condução de negócios e manutenção de destinos selecionados.

Transformado em tendência, o conceito prega a criação de experiências positivas para os viajantes e, simultaneamente — eis o pulo do gato —, a proteção ao ambiente e às comunidades originais.

No Brasil e no mundo ganhou agora imensa tração. Tem sido adotado em locais como o arquipélago de Fernando de Noronha, Santo André e Santa Cruz Cabrália, no sul da Bahia, e também no Panamá, na Costa Rica e no Zimbábue.

É, a rigor, uma volta às origens. O turismo regenerativo, na verdade, questiona o papel das excursões tradicionais, desregradas.

Consequência da globalização, a esperada padronização tomou conta dos serviços hoteleiros e até dos cardápios, adaptando pratos típicos para paladares supostamente universais.

É ir, ver, aproveitar, fazer sujeira e vir embora, sem nenhum zelo.

A crescente conscientização dos impactos ambientais causados pelo setor, a demanda por experiências autênticas e o papel das redes sociais no compartilhamento desses momentos, porém, têm forçado uma correção de rumo da indústria hedonista.

A ideia é recuperar os recursos naturais, fortalecer as comunidades e melhorar a qualidade de vida dos habitantes”, diz Milene Moreira, consultora de turismo especialista no tema.

Tudo isso pode ser alcançado por meio de práticas como a conservação e a recuperação de ecossistemas, a promoção da cultura local e o apoio ao empreendedorismo regional.

A ideia é transformar os visitantes em agentes ativos, capazes de deixar um impacto positivo, e não apenas financeiro, nos destinos visitados.

Todos os locais de visitação têm um número máximo de pessoas que pode suportar e isso precisa ser respeitado”, afirma Thais Guimarães, executiva da Conservation International Brasil, organização de defesa da biodiversidade.

Em vários lugares, como Barcelona e Veneza, o morador rejeita o turista porque não suporta mais. É preciso repensar o modelo.

A indústria do turismo é responsável por 8% das emissões de gases de efeito estufa no mundo. Daí a relevância de adotar novas práticas, sempre atentas à preservação da herança biocultural dos destinos.

Um exemplo é o Panamá, que assumiu a dianteira dessa tendência com foco em desenvolvimento comunitário, tornando-se um dos destinos favoritos de quem busca experiências de viagens ecológicas.

O país está mostrando que o turismo é realmente um catalisador econômico que pode ser utilizado para proteger as comunidades naturais, culturais e locais”, diz Woodrow Oldford, diretor de marketing da Promtur, órgão de promoção de turismo no país.

O Brasil ocupa a 54ª posição entre os países no mundo que mais investem em práticas sustentáveis no turismo, segundo a Sustainable Travel Index, da Euromonitor.

Na esteira dessa tendência, a Aliança Futuri, união entre empresas, comunidades de destinos turísticos e governos estaduais, atua no sul da Bahia, em destinos como Porto Seguro, Santa Cruz Cabrália e Caraíva.

O projeto busca incentivar cadeias turísticas sustentáveis e auxiliar na transição de modos tradicionais de turismo para atividades regenerativas.

Trata-se, por exemplo, de convivência saudável, no contato e também no comércio, com as comunidades dos quilombos, terras indígenas e vilas de pescadores.

Dentro das práticas de turismo regenerativo, a ideia é colocar o turista como um convidado muito bem-vindo, livre para aproveitar todos os atrativos e belezas dos destinos, e não como depredador.

Nessa condição, no entanto, deve saber que precisa respeitar a cultura e os valores do anfitrião e deixar a casa limpa, arrumada e melhorada para os próximos que virão.

Só assim a experiência pode ser verdadeiramente completa e transformadora. Para ele, e para o mundo.


Com informações da Veja

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