Professor, Palestrante, Licenciado em Filosofia, licenciado em Filosofia, Mestre e Doutor em Educação: membro da Academia Maçônica de Ciências, Artes e Letras.
Li o artigo do enófilo e crítico literário Léo Mittaraquis. Chamou-me a atenção a menção, por Mittaraquis, da crítica e o desafio de Zola aos impressionistas afirmando que deveriam ousar mais, criar obras mais ambiciosas, mais complexas e que se aproximassem mais do que o escritor e crítico compreendia como vida real, me fez pensar no que dizia Alfred Adler em sua psicologia individual.
Para Adler grande parte do que pensamos e acreditamos está mais relacionado ao caráter ilusório de nossas próprias crenças do que necessariamente a uma realidade objetiva. Ou seja, tendemos a criar e moldar nossas crenças de acordo com nossas necessidades psicológicas, desejos e motivações, muitas vezes ignorando ou distorcendo os fatos.
Adler acreditava que as pessoas constroem uma "imagem de si mesmas" e do mundo que as rodeia, com base em suas experiências passadas, medos, inseguranças e aspirações.
Essa imagem, por sua vez, acaba influenciando fortemente o modo como interpretamos e damos sentido à realidade. Pintar uma tela buscando traduzir o clima, “o calor quase infernal” pelo desfoque impressionista, cromático, conceitual e incluir o vinho tinto como um desses elementos foi, no caso de Renoir, de uma sagacidade incrível.
Quero destacar, então, a sagacidade maior ainda, na minha opinião, de Mittaraquis, ou seja, a maneira elegante como, em seu artigo, ele descreve os elementos fundamentais do impressionismo e da crítica de Zola. Um texto tão quente e delicioso como um bom e saboroso vinho tinto.
Ao amigo, ao artigo, à nossa admiração mútua, ergo um brinde. Saúde!