Registro revela águas mais quentes e nível do mar mais alto no oceano Pacífico
Aquecimento do oceano Pacífico com a chegada do El Niño foi registrado pelo satélite Sentinel-6 Michael Freilich, da Nasa / Divulgação/Nasa
A Nasa (Agência Espacial Norte-Americana) divulgou nesta quarta-feira (21) uma imagem de satélite mostrando a volta do El Niño.
O fenômeno, que começou oficialmente no último dia 8, é caracterizado pelo aumento da temperatura (e do nível do mar) no oceano Pacífico, perto da linha do Equador.
É possível detectar a chegada do El Niño por medições da temperatura e da altura da superfície oceânica.
Isso porque o nível do mar aumenta à medida que o oceano esquenta, já que a água mais quente se expande e aumenta de volume.
A imagem mostra anomalias da altura da superfície do mar no Pacífico entre os dias 1º e 10 de junho.
Os tons de azul indicam níveis do mar abaixo da média, e as condições normais aparecem em branco.
As regiões em vermelho apontam onde o nível do oceano estava mais alto do que o normal.
O El Niño altera a circulação dos ventos alísios, que vão de leste a oeste, levando umidade e águas mais quentes da costa das Américas para Ásia e Oceania.
O fenômeno pode ter reflexos no mundo todo e, segundo a Nasa, muitas vezes deixa o tempo no sudoeste dos Estados Unidos mais frio e úmido, enquanto países como Indonésia e Austrália enfrentam secas.
Ele também pode provocar elevação geral de temperaturas, branqueamento de corais e danos à economia.
No Brasil, os efeitos mais comuns são mais chance de seca no Norte e no Nordeste, aumentando o risco de incêndios na Amazônia.
O mapa do El Niño foi elaborado com dados obtidos por satélites Sentinel e processados por cientistas do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa (JPL, na sigla em inglês).
A agência explica que sinais relacionados a ciclos sazonais e tendências de longo prazo foram removidos para destacar as anomalias do nível do mar associadas ao El Niño.
As previsões são de que as condições climáticas associadas ao fenômeno devem se intensificar no final do ano, ao longo do verão no Hemisfério Sul.
Apesar disso, na avaliação do oceanógrafo Josh Willis, do JPL, por enquanto o El Niño não está tão avançado em 2023 quanto esteve no mesmo período do ano em eventos anteriores.
"Ainda é um pouco cedo para dizer se [o El Niño deste ano] será grande", diz Willis, em comunicado da Nasa.
"Ele provavelmente terá alguns impactos globais, mas ainda há tempo para este El Niño ficar abaixo do esperado".
O projeto Planeta em Transe é apoiado pela Open Society Foundations
Com informações da Folha de SP