Os notebooks dominaram as vendas de eletroeletrônicos em 2020, por conta da pandemia, incluindo máquinas mais caras e robustas.
O salto na demanda levou fabricantes a aumentar e reorganizar a produção no país, abrindo mais espaço para fabricar notebooks em detrimento de máquinas corporativas ou mesmo smartphones.
Dados da consultoria GfK mostram que a participação dos notebooks que partem de R$ 6 mil nas vendas totais desse tipo de computador subiu de 1,7% em 2019 para 4,2% em 2020.
“Ao contrário do smartphone, onde o consumidor já está fazendo atualização, ainda há muita demanda reprimida e muitas residências sem notebooks”, diz Fernando Baialuna, diretor da GfK.
A maior participação em faturamento no setor ainda é concentrada em máquinas de R$ 2 mil a R$ 4 mil, que representaram 65% das vendas em 2020.
Fabricantes especializados em máquinas de alta performance como a Avell, viram o reflexo direto das buscas por máquinas mais robustas durante a pandemia.
Em 2020, a empresa de Florianópolis faturou R$ 110 milhões, um incremento de 70% nas vendas de 2019.
“No nosso mercado há um crescimento bem forte na demanda por arquitetos, engenheiros, dentistas, profissionais de audiovisual e ‘gamers’ “, diz Emerson Salomão, CEO da Avell.
No início de 2020, a empresa investiu R$ 10 milhões em uma fábrica na Zona Franca de Manaus e observou um avanço de 30% na demanda a partir de março, quando veio a pandemia.
Em 2020, a produção de notebooks da Avell foi de 10 mil notebooks e deve chegar a 15 mil em 2021.
Diego Puerta, da Dell, fala de notes de R$ 7,5 mil: “Chegou a esgotar nos primeiros meses”(Divulgação)
Grandes fabricantes como Dell e Lenovo, que dominam as vendas de computadores no país, não revelam números locais, mas observam a mesma tendência de aumento nas buscas por máquinas mais poderosas.
No ano passado, a Dell reorganizou a produção de sua fábrica em Hortolândia, no interior de São Paulo, para produzir mais notebooks a pessoas físicas do que servidores.
“A linha entre trabalho e uso doméstico está cada vez mais indefinida”, afirma Diego Puerta, diretor-geral da empresa.
Em julho, a Dell apostou alto na linha XPS, de notebooks topo de linha com design mais fino e preços a partir de R$ 7.500.
“A linha chegou a esgotar nos primeiros meses”, lembra o executivo.
O aumento na demanda por notebooks levou a linha de produção da Lenovo, em Indaiatuba (SP), ao nível máximo, em meados do ano passado.
Luiz Sakuma, diretor de produtos de consumo da Lenovo, diz que o aumento na demanda ocorreu não só em notebooks, incluindo as linhas Yoga e Legion, de alta performance, mas também em acessórios.
A Asus adaptou sua linha de produção para dar mais espaço aos smartphones.
“Quase dobramos a produção de notebooks em relação a 2019”, diz Henrique Costa, gerente de produtos da empresa que produz em regime terceirizado junto à Foxconn, em Jundiaí.
“Como 2020 foi ano dos notebooks tomamos a decisão certa”.
Com informações do Valor Econômico