19/04/2023 09:04

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Presidente sofreu forte pressão e cobrança dos Estados Unidos e da Europa para que se posicione explicitamente sobre a guerra

Ainda sem citar nominalmente a Rússia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nessa terça-feira, dia 18, que o Brasil "condena" violação territorial da Ucrânia.

Lula sofreu forte pressão e cobrança internacional, nos Estados Unidos e na Europa para que se posicione explicitamente sobre a guerra e aumente o tom contra Moscou.

"Ao mesmo tempo que meu governo condena a violação da integridade territorial da Ucrânia, defendemos uma solução política negociada para o conflito", afirmou Lula nesta terça-feira, 18.

A declaração foi dada por Lula durante um almoço no Itamaraty com o presidente da Romênia, Klaus Iohannis, país vizinho à Ucrânia que sofre diretamente as consequências humanitárias e econômicas da guerra de agressão unilateral, deflagrada em 24 de fevereiro de 2022 por Vladimir Putin.

A fronteira entre os países no Leste Europeu tem cerca de 600 quilômetros.

Até mesmo cidadãos brasileiros que viviam na Ucrânia escaparam da guerra por meio de gestões consulares e diplomáticas com auxílio da Romênia.

Lula falou de forma mais protocolar. Leu um discurso elaborado por sua assessoria especial no Palácio do Planalto. O presidente percebeu a ampla reação negativa no exterior a suas entrevistas recentes.

Um embaixador disse que Lula “voltou ao eixo” da posição manifestada por seu próprio governo antes, nas Nações Unidas.

O Brasil condenou a violação territorial da Ucrânia, se opôs a sanções contra Moscou e propôs a montagem de uma comissão negociadora, popularmente chamada de “clube da paz”.


Entenda o contexto

A guerra foi um dos temas mais abordados por Lula e pela imprensa internacional durante a viagem do petista à Ásia, na semana passada.

No final da visita, já em Abu Dhabi, o presidente afirmou que a responsabilidade pela invasão russa na Ucrânia é tanto de Moscou quanto de Kiev.

"A decisão da guerra foi tomada por dois países", disse em entrevista coletiva antes de deixar os Emirados Árabes.

Em janeiro, durante visita do chanceler alemão Olaf Scholz ao Brasil, Lula chegou a dizer que a Rússia estava errada em invadir o país vizinho, mas também sinalizou para culpa na própria Ucrânia.

"Continuo achando que quando um não quer, dois não brigam", afirmou.

Em maio de 2022, ele também declarou que o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski seria "tão culpado quanto o (Vladimir) Putin", presidente russo, pelo conflito.

O presidente romeno adotou uma postura contundente diante de Lula. Iohannis chamou o conflito de uma "guerra de agressão lançada pela Rússia contra a Ucrânia" - termos que não são adotados pelo Brasil - e afirmou que a comunidade internacional tem o dever de defender a vítima e ajudar a repelir a ofensiva militar.

Segundo ele, Romênia será "implacável" no apoio à Ucrânia.

"A mensagem da Romênia, como Estado vizinho e com a maior fronteira entre os Estados da União Europeia e da OTAN com a Ucrânia, é clara, forte e deve ser compreendida por nossos parceiros: por mais que Moscou tente justificar suas ações, a Rússia é um Estado agressor, que violou à força a soberania territorial da Ucrânia e tentou anular sua independência", disse o presidente romeno, durante o almoço com Lula.

"A Ucrânia é vítima da agressão russa.

Todos os efeitos negativos dessa agressão global são consequência direta de sua ação, contrária ao direito internacional.

A comunidade internacional tem o dever de apoiar a Ucrânia para repelir a agressão e vencer esta guerra para libertar o país."

 

Com informações da Exame

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