31/01/2023 10:44

Compartilhe:

O Hospital das Clínicas (HC) da Universidade de São Paulo (USP), na capital paulista, tem 280 menores de idade em processo de transição de gênero.

Desse total, 100 são crianças de 4 a 12 anos; enquanto 180 são adolescentes de 13 a 17. Além desse público, há 100 adultos, a partir dos 18, na mesma situação.

A informação foi publicada pelo portal G1, no domingo 29, em homenagem ao Dia da Visibilidade Trans.

O site entrevistou jovens e seus pais, que relataram como funciona o procedimento, cujas etapas envolvem bloqueio da puberdade, a hormonização cruzada e, em alguns casos, até cirurgia de redesignação sexual.

Gustavo Queiroga, 8 anos

Gustavo Queiroga, de 8 anos, nasceu uma mulher biológica, mas se sente um menino.

Eu me sentia muito inseguro. Sentia que não tinha pessoas confiáveis, mas eu tinha minha mãe, minha família”, disse ao g1 Gustavo Queiroga, de 8 anos.

O menino trans, que biologicamente nasceu com características físicas femininas, mora com a mãe e a família na capital paulista.

Eu percebi que o Gustavo era uma criança trans quando ele tinha 2 anos de idade. Ele sempre rejeitava tudo que era feminino”, falou Jaciana Batista Leandro de Lima, chefe de cozinha e assistente de cabeleireiro de 35 anos.

Já com características masculinas, diz que “realizou um sonho”, com o apoio da mãe.

Atualmente, a criança faz acompanhamento no Ambulatório Transdisciplinar de Identidade de Gênero e Orientação Sexual (Amtigos).

Hoje, no Amtigos, há 160 famílias com menores de idade que querem passar pela transição de gênero.

O Amtigos foi criado em 2010 e funciona no HC da USP, com a finalidade de atender gratuitamente adultos pelo Sistema Único de Saúde.

Sem custos para o paciente, o Ministério da Saúde também disponibiliza um “Processo Transexualizador” em mais de 10 localidades.

Pela lei brasileira, a operação para adequação sexual só pode ser realizada em adultos acima dos 18 anos. Esta é a última etapa do processo de transição ou acompanhamento.

• Em homens trans, além da retirada dos seios e útero, a genitália feminina pode ser modificada para se aproximar a um órgão sexual masculino.

• Nas mulheres trans, existe a possibilidade de se retirar o pênis e transformá-lo numa espécie de vagina.

Antes da cirurgia, no entanto, há a hormonização, que consiste na utilização de hormônio do sexo oposto no paciente.

Injeções são aplicadas regularmente em adolescentes a partir dos 16 anos, seguindo recomendação do Conselho Federal de Medicina (CFM).

Por exemplo, pessoas que nasceram com o sexo biológico masculino, mas depois se identificam como garotas trans, recebem o estrogênio. Este hormônio feminino irá causar mudanças corporais desejadas, entre elas o aumento das mamas.

• Em uma situação inversa: quem nasceu com a genitália feminina, mas se vê como um garoto trans, receberá a testosterona. O hormônio masculino levará ao aparecimento de barba, por exemplo.

As crianças e os adolescentes atendidos na USP podem receber um bloqueador hormonal para não entrarem na puberdade e desenvolverem características físicas com as quais não se identificam.

Nos garotos trans, o bloqueio impedirá a menstruação e o crescimento das mamas.

Nas meninas trans, os pelos do rosto deixarão de crescer, e a voz não engrossará.

A aplicação do bloqueio varia entre cada paciente, mas pode acontecer entre 9 a 13 anos em crianças com características biológicas femininas e de 10 a 14 anos naquelas que têm o fenótipo masculino.

 

Com informações das Agências e G1

Nos acompanhe por e-mail!