11/12/2021 18:32

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Deslocamentos aéreos pelo espaço urbano não são exatamente uma novidade, mas avanços tecnológicos, principalmente relacionados à utilização de drones para transporte de mercadorias e pessoas, podem iniciar uma revolução na mobilidade urbana. 

Mas será que esse novo modelo de MUA (Mobilidade Urbana Aérea), com veículos elétricos de decolagem e aterrissagem vertical, pode reduzir os congestionamentos no solo?

Como a MUA ainda não existe, não há dados e informações sobre seu funcionamento. 

Portanto, abordagens alternativas para estudar esse fenômeno, análise de modos comparáveis (como helicópteros), avaliações teóricas e simulações devem ser utilizadas.

A EVE, empresa ligada à Embraer, desenvolve um eVTOL capaz de atingir velocidades entre 200 km/h e 250 km/h. A autonomia é estimada em 100 quilômetros (Fotos: Divulgação)

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Com o intuito de avaliar a demanda provável por MUA e simular o impacto no sistema de transporte terrestre existente, pesquisadores do departamento de engenharia civil e geoambiental da Universidade Técnica de Munique, na Alemanha, desenvolveram um modelo para estudar o acesso e a saída dos chamados "vertiportos" para mobilidade urbana aérea, com decolagem e aterrissagem vertical.

No contexto da MUA, a viagem de acesso é o segmento entre a origem e o primeiro "vertiporto", enquanto a viagem de saída é o segmento entre o "vertiporto" final e o destino. 

Os exigentes requisitos de infraestrutura sugerem que os "vertiportos" seriam instalados de maneira bastante esparsa pela cidade.

Portanto, o acesso e a saída podem ser parte substancial do tempo de viagem da MUA. 

CityAirbus o eVTOL desenvolvido pela Airbus tem oito rotores elétricos e fez seu primeiro  voo experimental em 2019.

Com capacidade para transportar quatro passgeiros tem velocidade de cruzeiro estimada em 120 km/h. A autonomia é suficiente para voar por 15 minutos.

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Um cenário de teste foi desenvolvido para o ano de 2030 na região de Munique, com uma rede MUA de média densidade, com 74 "vertiportos".

Esta rede inclui áreas densamente povoadas, centros de emprego e centros de transporte.

Presume-se que, até 2030, as desvantagens atuais dos veículos autônomos (VA) serão resolvidas e eles serão integrados ao transporte terrestre.

Nesse cenário de teste, a frota de MUA foi restrita a 50 veículos por estação e o tempo de embarque foi fixado em 10 minutos. 

Seguindo os resultados do cenário proposto, verificou-se que o maior número de decolagens e pousos em um "vertiporto" é de 11,3 mil e 11,5 mil, respectivamente, o que corresponde a oito decolagens e oito pousos por minuto, se o serviço operar 24 horas por dia.

S-A1 o eVTOL desenvolvido pela Hyundai tem baterias que podem ser recarregadas em sete minutos nas estações de alta eficiência planejadas pela fabricante. 

O alcance é de 100 quilômetros e a velocidade máxima é estimada em 290 km/h.

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Para determinar os impactos da MUA no tráfego rodoviário, e verificar sua influência nos congestionamentos, o total de quilômetros percorridos por veículos na região foi estimado para os cenários existente e de teste da mobilidade urbana aérea. 

Os resultados indicam que, para o cenário existente, o total de quilômetros percorridos na superfície seria de 49,39 milhões, enquanto no cenário teste (com a mobilidade aérea em operação), seria de 49,53 milhões de quilômetros —elevação de 0,27%.

O aumento de quilômetros percorridos para o cenário teste não é intuitivo à primeira vista. Afinal, esperava-se que a MUA reduzisse as viagens de automóvel.

No entanto, as viagens de acesso e saída dos "vertiportos" seriam feitas de automóvel com mais frequência do que por transporte público ou modos não motorizados.

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Outro aspecto observado foi que, para atender à demanda de MUA, muitos veículos aéreos precisariam estar disponíveis nos "vertiportos".

No entanto, não há espaço livre disponível nas cidades para alocar "vertiportos" grandes o suficiente para acomodar toda a demanda por mobilidade aérea.

As conclusões do estudo indicam que, para a maioria dos casos, o modelo MUA avaliado não fornece uma redução nos tempos de viagem quando são incluídos os tempos para acesso e saída, tempo de embarque e de potencial espera. 

Dada a capacidade muito limitada dos veículos de MUA e o tempo necessário para processar embarque, decolagem, subida e descida vertical, desembarque e recarga, a economia de tempo de viagem dentro de uma área urbana será insignificante.

VoloCity, a aeronave elétrica  da Volocopter é o eVTOL que mais se parece com um helicóptero. Seus 18 rotores permitem voar por cera de 35 quilômetros a uma velocidade média de 100 km/h.

As baterias podem ser trocadas em cinco minutos, o que ajuda a poupar tempo caso não haja estação de recarga rápida.

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Dessa forma, é provável que a MUA com veículos elétricos de decolagem e aterrissagem vertical seja utilizada como um meio de transporte para fins específicos, substituindo os voos atuais de helicóptero para emergências médicas e deslocamentos especiais, uma vez que geram menos ruídos e emissões de gases de efeito estufa do que os helicópteros tradicionais. 

Além disso, podem potencialmente tornar-se um modo alternativo para facilitar o acesso a regiões com infraestrutura de transporte terrestre limitada.

Fonte: Claudio Bernardes
Engenheiro civil e presidente do Conselho Consultivo do Sindicato da Habitação de São Paulo. Presidiu a entidade de 2012 a 2015.

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