Por João Afonso Mamoré
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Com a pandemia, o trabalho a distância tem atraído muita gente. E quem pode tem passado temporadas no litoral ou no interior aproveitando para trabalhar e, também, apreciar a natureza. ,
Profissionais buscam casas na praia e no campo para fazer home office e sair da rotina (GettyImages)
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Aproveitando essa onda, vários municípios turísticos estão se reinventado e investindo em melhorias para se consolidarem como “cidades-escritório”.
Prefeituras, empresas de telefonia e até aplicativos de delivery investem para atrair um novo tipo de turista: o dos profissionais digitais.
(Fábio Bouzas/Estadão)
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A paulistana Carla Skaf Abbud, por exemplo, foi para a praia de Guarajuba (em Camaçari, na Bahia) e viu avanços na região.
“Aqui não tinha nada. Agora, todo fim de semana tem feirinha ecológica, com vários restaurantes, comida portuguesa, pizza”, conta ela, que fechou o apartamento em São Paulo, onde morava.
Hoje, ela e o marido – donos de uma rede de restaurantes – só vão para a capital paulista quando têm algum negócio inadiável.
“Mesmo assim, vamos no primeiro voo e voltamos à noite.”
“Aqui não tinha nada. Agora, tem feirinha ecológica, restaurantes diversificados”, conta ela.
Praia de Guarajuba, em Camaçari (Divulgação)
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A subsecretária de Turismo de Camaçari (BA), Lúcia Bichara diz que uma internet com qualidade foi o primeiro passo para atrair esse tipo de público.
Além disso, o município ciou programa para ajudar restaurantes locais a trabalhar com delivery, explicando aos comerciantes como vender pela internet.
Praia de Castelhanos, em Ilhabela (Divulgação)
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Foi assim em Ilhabela (SP), Campos do Jordão (SP), Porto Seguro (BA), Camaçari (BA), Armação dos Búzios (RJ) e Alto Paraíso de Goiás.
Todos são, sem dúvida, municípios com alto potencial turístico e, ao mesmo tempo, próximos a grandes centros.
O prefeito de Ilhabela, Toninho Colucci (PL) acredita que é necessário investir para consolidar essa vocação.
Assim, procurou várias empresas de telefonia para melhorar o acesso à internet.
A Vivo está investindo R$ 2 milhões em um cabo submarino entre o continente e a ilha, antes só atendida via ondas de rádio.
Com isso, a prefeitura decidiu aplicar R$ 1 milhão em uma campanha de divulgação, na qual chama as pessoas para irem “trabalhar no paraíso”, com garantia de internet de qualidade.
Búzios (Divulgação)
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A Oi também tem percebido o aumento na demanda por banda larga nessas cidades.
Em Armação dos Búzios (RJ), por exemplo, a base da empresa cresceu 50% em 12 meses até março 2021.
No interior, pequenos provedores também passaram a faturar mais com esse movimento migratório, com foco em condomínios de luxo.
Um reflexo desse movimento migratório também foi o aumento da demanda verificada pelo iFood – aplicativo de delivery.
O Palácio dos Cristais é um dos pontos turísticos mais visitados em Petrópolis, cidade serrana a 70 km do centro da capital carioca (foto Divulgação)
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Segundo a OI, Petrópolis (RJ) está entre os municípios que mais cresceram em 2021.
Os outros foram Pelotas (RS), Cabo Frio (RJ), Marília (SP) e São José (SC).
Como resultado da maior procura, as chamadas cidades-escritório têm registrado alta nos preços dos imóveis
Em Campos do Jordão (SP), por exemplo, essa procura fez com que o preço do metro quadrado de imóveis subisse cerca de 40%, pulando de R$ 3,5 mil para R$ 5 mil (Divulgação)
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Muitos dos profissionais digitais que não têm casa de veraneio ficam em pousadas e casas de aluguel e mansões de luxo, com diárias de mais de R$ 7 mil.
Alguns gostam tanto do lugar que resolvem ficar definitivamente e acabam comprando.
Quem ainda não decidiu ficar de vez, recorre à hospedagem.
A dona da pousada A Capela (foto), em Arembepe, Camaçari (BA), Claudia Giudice, passou quatro meses de 2020 com o estabelecimento fechado.
Foi aí, então, que começou a receber ligações de gente interessada em se hospedar “desde que a internet aguentasse o tranco”.
“Corri para aumentar meu pacote, investi em mais roteadores para estender o sinal onde ele falhava e deu certo”, diz Cláudia.
Dos 14 apartamentos que ela pode alugar – pelas restrições da pandemia –, todos estão ocupados.
*Com informações do Estadão