O mercado internacional de armas diminuiu pouco mais de 5% no quadriênio de 2018 a 2022, na comparação com o período de 2013 a 2017, mas a invasão russa à Ucrânia beneficiou enormemente os Estados Unidos —que aumentaram as exportações em mais 14% e respondem por 40% das transferências globais de armamento.
Scott Peterson/Getty Images
Os dados são do relatório do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri), divulgado em março, que mede o comércio e também a distribuição gratuita —principal fonte da Ucrânia.
Mas, nesse caso, em geral são excedentes de arsenais de outras nações e não equipamentos modernos.
Por isso, de acordo com o relatório, o valor dos fornecimentos à Ucrânia é baixo, em comparação com a venda de novas armas.
Apesar da entrega maciça de armamento à Ucrânia em 2022, o governo americano enviou mercadorias de maior valor para Kuwait, Arábia Saudita, Catar e Japão.
Estes quatro países compraram equipamentos particularmente novos e sofisticados, como aviões de combate —algo que a Ucrânia tem solicitado urgentemente aos aliados ocidentais, mas até o momento não obteve.
Quem comprou e quem vendeu
As importações dos países europeus aumentaram 47%, e a dos membros europeus da Otan, 65%, claramente influenciadas pela guerra.
Rússia e Estados Unidos mantiveram sua posição nos primeiros lugares do ranking, mas a França subiu para a terceira posição com um aumento de 44% na transferência de armas.
Já a China teve queda de 23% nas exportações, porque não conseguiu penetrar em alguns dos mercados de defesa mais importantes devido a razões políticas, como a rivalidade com a Índia e a competição com outros fornecedores no Oriente Médio.
A Alemanha também recuou 35%. Antes da guerra, a Ucrânia não era relevante no comércio de armas e mantinha um arsenal produzido localmente ou proveniente da era soviética.
Agora ocupa o 14º lugar na lista de importadores mundiais — em 2022, ocupou a 3ª posição devido às transferências de armas gratuitas.
Na outra ponta estão os países da África, onde as transferências recuaram 40%.
"Mas isso não torna a África mais pacífica", ressalva o pesquisador Pieter Wezeman. Existem, de fato, muitos conflitos armados na África. Mas, esses países não recebem um grande número de armas sofisticadas, "portanto, o valor total da transferência para a região não é tão alto quanto o número de conflitos poderia sugerir".
Na África Subsaariana, quem fornece é a Rússia, que ultrapassou a China na região.
O Mali, que costumava comprar armas de uma série de países, incluindo a França e os EUA, antes do golpe de estado, passou a comprar de Moscou após boicote dos europeus.
As perturbações políticas também afetam a cooperação armamentista na Turquia, que era a sétima maior compradora dos EUA no relatório anterior e caiu para o 27º lugar por tensão entre Ancara e Washington.
Com informações do UOL