Adolf Hitler é uma das figuras mais marcantes do século XX. Suas ações mudaram a História e o destino de muitas nações.
Fotos: Reprodução/AP/Getty Images/WikiMedia Commons
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Até os dias de hoje, o seu nome evoca sentimentos de medo e ódio. A menos, é claro, naqueles que, de alguma forma, se simpatizam com as suas ideias.
O fato é que a sua participação na história deixou marcas que serão lembradas por muito tempo.
O homem, cujas ações resultaram na morte de 6 milhões de judeus, se declarava publicamente cristão.
"Meus sentimentos, como cristão, mostram meu Deus e Salvador como um guerreiro. Como Cristão, tenho o dever de ser um guerreiro pela justiça e verdade".
Esse foi um de seus discurso, dito no dia 12 de abril de 1922, em Munique.
A declaração soa um tanto quanto contraditório quando se sabe que partiu de um homem que acabou se tornando um dos maiores genocidas do mundo.
Até hoje, historiadores debatem sobre as crenças pessoais de Hitler.
Filho de pais católicos, criado dentro dos preceitos da igreja, batizado e por diversas vezes visto fazendo referências à religião cristã e o seu Deus, esse foi Adolf Hitler.
No entanto, a opinião é unânime entre pesquisadores, historiadores e biógrafos: Hitler foi muitas coisas, mas estava longe de ser um cristão.
Como um líder articulado, Hitler sabia da necessidade de se alinhar à visão cristã. E ele usou isso para alcançar e manter o seu poder político.
Como a maioria dos alemães e austríacos se dividia entre luteranos e católicos, o ditador teve que manter a postura de cristão por puro populismo.
Em registro feito pelo biógrafo Ian Kershaw, Hitler teria admitido que a sua atitude não se tratava de uma questão de princípios, mas sim de pragmatismo político.
Em um registro chamado Conversas de Hitler à Mesa, os discursos proferidos por ele em reuniões privadas foram cuidadosamente transcritos.
Em um deles, do dia 10 de outubro de 1941, Hitler afirmou que o "O cristianismo é uma rebelião contra a lei natural, um protesto contra a natureza. Levado ao pé da letra, cristianismo significaria o cultivo sistemático do fracasso humano".
Hitler teria chamado as religiões cristã de doença e sonhava em imunizar os alemães ao cristianismo.
Ele acreditava que o cristianismo colocaria em colapso o avanço da ciência. E com isso, o Nazismo e a religião não poderiam coexistir por muito tempo.
"A impaciência de Hitler com as igrejas provocou frequentes surtos de hostilidade. No início de 1937, ele declarava que o cristianismo estava pronto para ser destruído, e que as igrejas deveriam, ceder à primazia do Estado", diz o historiador inglês Ian Kershaw, autor de Hitler: 1936-1945 Nemesis.
Levando em consideração que Hitler não poderia ser cristão, qual era a sua convicção?
Essa é uma discussão que já dura mais de 75 anos e que não parece estar próxima de um desfecho.
A resposta para essa pergunta pode variar de acordo com quem se pergunta.
Para alguns, o ditador poderia ser um crente sem religião. Ou um deísta, que acredita na existência de Deus, mas que isso não interfere na sua vida.
Poderia ser também um panteísta, que crê em Deus como forma de natureza, ou até ateu.
Mas isso é algo que ninguém saberá com certeza.
O historiador britânico Richard Overy, autor do livro Ditadores, afirma que Hitler tinha convicções bem ambíguas quanto a isso.
"Ele não era um cristão praticamente, mas, de alguma forma, conseguiu mascarar seu ceticismo religioso de milhões de eleitores Alemães. Ainda que Hitler seja frequentemente retratado como um neo-pagão, ou o deus de uma religião política, suas opiniões tinham muito mais em comum com a iconoclastia revolucionária de seu inimigo bolchevique".
Para o historiador australiano Samuel Koehne, Hitler também estava longe de ser ateu.
Independentemente da sua religião, uma coisa que os historiadores podem afirmar é que Hitler desenvolveu uma fé absoluta em duas coisas.
Uma delas foi um extremo nacionalismo e a outra foi a fé nele mesmo.
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