O grupo do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ficou com todos os cargos de direção da Casa, em eleição realizada nesta quinta-feira, 2, e isolou o bloco do senador Rogério Marinho (PL-RN), derrotado na disputa para a presidência do Senado.
Foto: Wilton Junior
O resultado reforça o domínio da cúpula atual e a articulação do senador Davi Alcolumbre (União-AP), padrinho do presidente do Senado e principal cabo eleitoral da eleição.
Alcolumbre é criticado por adversários e colegas do próprio partido por concentrar poderes e até criar um “governo paralelo” em seu gabinete, dizendo quem fica com cargos, quem assume as comissões e quem leva as verbas do governo federal.
O grupo de Rogério Marinho teme filar isolado após a derrota.
Há dois anos, o PL e o ex-presidente Jair Bolsonaro apoiaram a eleição de Pacheco e ficaram com um cargo na Mesa do Senado, agora dominada pelo grupo que apoiou a reeleição do senador do PSD.
Pacheco foi eleito com 48 votos na noite de quarta-feira, 1, contra 32 de Rogério Marinho.
Além disso, o PL havia ficado com a maior bancada do Senado após as eleições de outro, mas o PSD filiou novos integrantes e ficou com a liderança, somando 15 senadores. O PL tem 13.
Os demais cargos foram escolhidos em uma votação única, com 66 votos favoráveis, 12 contrários e duas abstenções, em uma votação secreta.
A composição ficou a seguinte:
primeiro vice-presidente - Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB);
segundo vice-presidente - Rodrigo Cunha (União-AL),
primeiro secretário - Rogério Carvalho (PT-SE),
segundo secretário - Weverton Rocha (PDT-MA),
terceiro secretário - Chico Rodrigues (PSB-RR);
quarto secretário - Styvenson Valentim (Pode-RN).
Todos são aliados de Pacheco e Alcolumbre.
O PL tentou ficar com a segunda vice-presidência, posto que comandou nos últimos dois anos.
O grupo lançou Wilder Morais (PL-GO) para disputar a vaga, mas abriu mão na última hora.
Isolada, a tentativa da bancada é atrair colegas insatisfeitos com Alcolumbre e tentar um acordo para comandar comissões importantes da Casa.
A mais cobiçada é a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), colegiado que Alcolumbre presidiu nos últimos dois anos.
O PL enfrentou uma crise interna e traições durante a eleição para a presidência do Senado.
Romário (PL-RJ) anunciou voto em Rodrigo Pacheco.
O presidente do partido, Valdemar Costa Neto, realizou uma “intervenção” no gabinete do senador durante a sessão de quarta-feira, 1, e ordenou que ele votasse em Rogério Marinho.
O grupo, no entanto, calcula que o senador acabou mantendo o voto em Pacheco, olhando o placar da eleição.
O comando das comissões deve ser definido no próximo mês.
O grupo de Pacheco se articula para presidir a CCJ com Davi Alcolumbre, a Comissão de Assuntos Econômicos com Vanderlan Cardoso (PSD-GO) e a Comissão de Relações Exteriores (CRE) com Renan Calheiros (MDB-AL).
Com um bloco formado por PSD, União Brasil e MDB, a cúpula do Senado espera garantir as três comissões.
“Nesse momento, como sempre eu acredito, é a politica que resolve as coisas”, afirmou o líder do PL no Senado, Flávio Bolsonaro (RJ), ao pedir um acordo pelos colegiados e anunciar que o partido estaria desistindo de concorrer a um cargo na Mesa.